Hungria aprova entrada da Suécia na Otan; país será o 32º membro da aliança

Meses de imbróglio foram encerrados após acordo de defesa; Estocolmo rompeu neutralidade na esteira da Guerra da Ucrânia

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Budapeste | Reuters

O Parlamento da Hungria aprovou nesta segunda-feira (26) a entrada da Suécia na Otan, encerrando um longo imbróglio e finalmente abrindo caminho para o país nórdico se juntar à aliança militar ocidental enquanto a guerra continua na Ucrânia.

O premiê da Hungria, Viktor Orbán, fala ao Parlamento, em Budapeste
O premiê da Hungria, Viktor Orbán, fala ao Parlamento, em Budapeste - Attila Kisbenedek/AFP

A Hungria foi o último dos 31 países-membros da aliança a ratificar a adesão sueca após meses de procrastinação sobre o assunto por parte do partido governante, o Fidesz, do premiê Viktor Orbán.

O líder afirmou ao mesmo Parlamento mais cedo que a cooperação de defesa sueco-húngara e a adesão de Estocolmo à Otan fortaleceriam a segurança da Hungria. Na última semana, afinal, a Hungria fechou um acordo para a compra de quatro caças Gripen do país nórdico.

"Portanto, peço aos meus colegas parlamentares que aprovem a legislação sobre a adesão da Suécia à Otan na votação de hoje", disse Orbán, no mais uma figura próxima ao líder russo, Vladimir Putin.

O governo sueco descreveu o dia como histórico. "Os Parlamentos de todos os membros da Otan já votaram a favor da adesão da Suécia, que está pronta para assumir sua responsabilidade pela segurança euro-atlântica", disse o gabinete do premiê Ulf Kristersson.

O secretário-geral da aliança, o ex-premiê norueguês Jens Stoltenberg, também celebrou: "A entrada sueca fará a Otan mais forte e segura".

Estocolmo abandonou sua política de não alinhamento militar em busca de maior segurança dentro da aliança capitaneada pelos Estados Unidos após a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Líderes ocidentais insistem que, com a Suécia seguindo a Finlândia na Otan, tornando-se seu 32º membro, Vladimir Putin efetivamente alcançou uma das coisas que procurava evitar quando lançou sua guerra na Ucrânia: uma expansão da aliança.

Enquanto a Finlândia se tornou membro da Otan no ano passado, a Suécia teve de esperar. Os principais pontos de tensão estavam na Turquia e na Hungria, que mantêm melhores relações com a Rússia do que outros membros da aliança e levantaram objeções.

A Turquia reteve a ratificação da adesão da Suécia, exigindo ação mais rigorosa do país contra membros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, o PKK, que, segundo Ancara, estabeleceram-se na Suécia.

A Suécia mudou leis, endureceu o combate ao chamado terrorismo e relaxou as regras sobre vendas de armas para acalmar a Turquia.

O presidente Recep Tayyip Erdogan também vinculou a ratificação à aprovação dos EUA da venda de caças F-16 à Turquia, com Ancara agora esperando que Washington trabalhe para garantir a aprovação do Congresso americano.

A demora da Hungria era menos clara em sua natureza. Budapeste expressou irritação com as críticas suecas à asfixia da democracia húngara sob o primeiro-ministro nacionalista Orbán. A assinatura da Turquia deixou a Hungria como a última a resistir, com o premiê enfrentando pressão dos aliados da Otan para se alinhar.

A adesão da Suécia, que não esteve em guerra desde 1814, e da Finlândia é a expansão mais significativa da aliança desde sua entrada na Europa Oriental na década de 1990.

Enquanto a Suécia intensificou a cooperação com a aliança nas últimas décadas, contribuindo para operações em locais como o Afeganistão, sua adesão deve simplificar o planejamento de defesa e a cooperação na frente norte da Otan. O país traz recursos como submarinos de ponta adaptados às condições do mar Báltico e uma frota considerável de caças Gripen produzidos domesticamente para a aliança.

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