Biden diz que Netanyahu 'prejudica mais do que ajuda' Israel

Presidente dos EUA tem criticado ação de Tel Aviv em Gaza, que já deixou mais de 31 mil mortos, segundo Hamas; começa prazo dado por israelenses para invasão de Rafah

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AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou no sábado (9) que a abordagem do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na guerra na Faixa de Gaza "prejudica mais do que ajuda Israel".

A declaração foi dada em entrevista à emissora MSNBC e ocorreu na véspera do prazo dado por Tel Aviv para que a população se retirassse de Rafah, no sul de Gaza, antevendo uma provável invasão terrestre.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, discursa em evento de campanha na Georgia. - Evelyn Hockstein-09.03.2024/REUTERS

"[Netanyahu] Tem o direito de defender Israel, o direito de continuar perseguindo o Hamas", disse Biden. Mas ele acrescentou que é preciso "prestar mais atenção às vidas inocentes que estão sendo perdidas como consequência das ações tomadas".

Biden tem sido um crítico da ofensiva israelense em Gaza. Na última quinta (7), logo após fazer o discurso do Estado da União no Congresso americano, ele disse que estava caminhando para ter uma "conversa decisiva" com Netanyahu. A declaração foi dada, em tom informal, durante uma conversa entre o presidente e o senador democrata pelo Colorado, Michael Bennet, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o secretário de Transportes, Pete Buttigieg. O microfone de Biden, porém, estava ligado, e o diálogo foi captado por emissoras de TV.

A situação de Rafah é uma das mais delicadas do conflito. A guerra começou em 7 de outubro de 2023 com um ataque da facção radical Hamas, que deixou 1.200 mortos em Israel. O revide, que organizações internacionais consideram desproporcional, levou a uma crise humanitária. O Ministério da Saúde palestino, controlado pelo Hamas, divulgou neste domingo um novo balanço de 31.045 mortos desde o início da guerra. O número de feridos é de 72.654.

Autoridades internacionais vinham buscando costurar um acordo pelo cessar-fogo e pela liberação de reféns pelo Hamas na última semana. De acordo com o Israel, autoridades da Mossad e da CIA, agências de inteligência israelense e americana, respectivamente, se reuniram na sexta-feira para discutir o tema.

O gabinete de Netanyahu disse, no sábado (9), que o Hamas está dificultando um acordo sobre reféns para "incendiar a região" durante o Ramadã.

"Neste ponto, o Hamas está se enrijecendo em suas posições como alguém que não está interessado em um acordo e busca inflamar a região durante o Ramadã, às custas dos residentes palestinos da Faixa de Gaza", acrescentou o texto.

Negociadores do Hamas, do Qatar e do Egito —os dois últimos têm mediado o diálogo entre as partes envolvidas— tentaram nesta semana garantir um cessar-fogo de 40 dias a tempo do Ramadã. Israel não enviou delegação ao Cairo.

Em paralelo, no sábado, Israel bombardeou uma das maiores torres residenciais em Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza, disseram moradores à agência Reuters, aumentando a pressão sobre a última área do enclave que ainda não foi invadida.

O prédio de 12 andares foi danificado no ataque, e os moradores disseram que dezenas de famílias ficaram desabrigadas, embora não haja relatos de vítimas até o momento. Os militares de Israel disseram que o bloco residencial estava sendo usado pelo Hamas para planejar ataques contra israelenses.

Diante da escassez de ajuda, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou na sexta-feira a abertura de um corredor marítimo que permitirá o transporte de ajuda de Chipre para Gaza a partir de domingo.

O primeiro navio carregado com ajuda humanitária está pronto para zarpar de Chipre. Duas ONGs estão se preparando atualmente para que um primeiro navio possa sair do porto de Lárnaca, no sul da ilha mediterrânea, com 200 toneladas de comida a bordo para percorrer um trajeto de 370 km.

"Tudo estará pronto hoje para que possamos partir", disse neste sábado à AFP Laura Lanuza, porta-voz da ONG espanhola Open Arms, que trabalha neste projeto em conjunto com a ONG americana World Central Kitchen (WCK), fundada pelo chef espanhol José Andrés.

As autoridades israelenses, que autorizaram a operação, estão inspecionando a carga, disse ela. A WCK, por sua vez, "já tem pessoas em Gaza" e está "construindo um cais" para poder descarregar a ajuda no território bombardeado, acrescentou a porta-voz da ONG.

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