Bloquear ajuda a Gaza é ofensa moral, diz secretário-geral da ONU na região

Declaração de António Guterres do lado egípcio da passagem de Rafah se dá em meio a novo ataque de Israel a Al-Shifa

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Cairo e Rafah (Faixa de Gaza) | Reuters

Uma fila de caminhões com suprimentos retidos no lado egípcio da fronteira com a Faixa de Gaza, onde as pessoas enfrentam a fome, é uma ofensa moral, disse o Secretário-Geral da ONU, o português António Guterres, durante uma visita à região neste sábado (23).

António Guterres fala em frente à passagem de Rafah - Khaled Desouki -23.mar.24/ AFP

Falando em frente aos portões da passagem de Rafah, ponto de entrada de ajuda humanitária para o território palestino na fronteira com o Egito, ele afirmou que já era hora de Israel garantir que a população da faixa em guerra tenha acesso irrestrito a ajuda humanitária.

Também pediu um cessar-fogo e disse que a ONU continuaria a trabalhar com o Egito para agilizar, nas palavras dele, o fluxo de envio de mantimentos ao território palestino.

"Aqui, deste cruzamento, vemos a tristeza e a falta de coração de tudo isso. Uma longa fila de caminhões de ajuda bloqueados de um lado dos portões, a longa sombra da fome do outro", disse Guterres. "Isso é mais do que trágico. É uma ofensa moral."

A visita de Guterres ocorre enquanto Israel sofre pressão global para permitir a entrada de mais ajuda humanitária na faixa, devastada por seis meses de guerra.

Neste sábado também continuaram os enfrentamentos em torno do principal hospital da Cidade de Gaza, o Al-Shifa, iniciados na segunda-feira (18). Então, Israel invadiu o local pela segunda vez desde o início do conflito, acusando-o mais uma vez de ser usado como centro de comando e controle do Hamas. Não estão claras a motivação para o retorno das forças a um local que eles já tinham ocupado —e numa operação altamente controversa— em novembro.

O Estado judeu diz ter matado até agora mais de 170 terroristas. A facção terrorista, por sua vez, nega que o local abrigue combatentes ligados a ela, e diz que os mortos na operação desta semana eram pacientes feridos e palestinos deslocados que viviam ao redor do complexo hospitalar. Afirma ainda que os enfrentamentos estão acontecendo nas imediações do hospital, e não dentro.

Os moradores dos arredores confirmam essa versão, relatando que as forças israelenses explodiram dezenas de casas e apartamentos nas ruas próximas ao hospital e destruíram rodovias. Segundo eles, outro hospital nas proximidades, o Helo, este privado, também foi atingido.

O Shifa era uma das poucas instalações de saúde parcialmente operacionais no norte de Gaza, após quase todas as outras colapsarem por escassez de suprimentos e falta de condições de trabalho devido aos combates.

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