Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Comboio com ajuda humanitária é saqueado por 'pessoas desesperadas' em Gaza, diz ONU

Mais de dez caminhões, com quase 200 toneladas de alimentos, foram interceptados por multidão de palestinos

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Roma | AFP

Em meio à crise humanitária que provoca mortes e sofrimento na Faixa de Gaza, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas disse nesta terça-feira (5) que um comboio com ajuda foi bloqueado pelo Exército de Israel no território palestino e saqueado em seguida por várias "pessoas desesperadas".

A agência da ONU informou que o comboio era formado por 14 caminhões, com quase 200 toneladas de alimentos, que estavam a caminho do norte do território, o principal alvo do Exército israelense nos primeiros meses da guerra contra o Hamas. Era o primeiro envio de ajuda após a suspensão das entregas na área em 20 de fevereiro.

Crianças palestinas se aglomeram para receber comida na cidade de Rafah, na Faixa de Gaza
Crianças palestinas se aglomeram para receber comida na cidade de Rafah, na Faixa de Gaza - Mohammed Salem - 5.mar.24/Reuters

Depois de três horas de espera no posto de Wadi Gaza, no centro do território palestino, o comboio foi rejeitado pelo Exército israelense e teve de retornar, de acordo com comunicado divulgado pelo PMA. Em seguida, os veículos foram interceptados "por uma multidão desesperada", que saqueou os alimentos.

A agência da ONU interrompeu a distribuição de alimentos no norte de Gaza em fevereiro devido "ao caos total e à violência" na região. A suspensão ocorreu depois que outro comboio foi alvo de tiros e saques.

Representantes do PMA dizem estudar a melhor maneira de levar alimentos para o norte de Gaza e ressaltam que as vias terrestres são os caminhos mais eficazes de transportar a quantidade necessária para diminuir a fome na região.

Em paralelo, seis toneladas de alimentos, suficientes para 20 mil pessoas, foram lançadas pelo ar nesta terça, em ação que teve o apoio da Força Aérea da Jordânia, informou a agência. "Mas os lançamentos aéreos são o último recurso e não evitarão a fome", disse o vice-diretor-executivo do PMA, Carl Skau.

A ONU estima que 2,2 milhões dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza sofrem com a fome, principalmente no norte do território, onde as forças de Israel bloqueiam a entrada de ajuda. Também na terça-feira, a organização disse que os níveis de desnutrição infantil na região estão "particularmente extremos".

Richard Peeperkorn, representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Gaza e Cisjordânia, afirmou que uma em cada seis crianças menores de dois anos estava gravemente desnutrida. "Isso foi em janeiro. Então, a situação provavelmente é pior hoje", afirmou ele, referindo-se à época em que os dados foram registrados.

Pelo menos 15 crianças morreram nos últimos dias de desnutrição e desidratação no hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, informou o Ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas, no domingo (3). Além da fome, há um risco crescente de doenças infecciosas, com 9 em cada 10 crianças menores de cinco anos —cerca de 220 mil— adoecendo nas últimas semanas, de acordo com James Elder, porta-voz do Unicef (fundo da ONU para crianças).

No sábado (2), aviões americanos lançaram pela primeira vez kits com água e comida sobre o território palestino —Washington diz que os militares forneceram quase 40 mil refeições, enquanto a ONU estima que meio milhão de palestinos estão à beira da fome.

A ação havia sido anunciada por Biden na sexta-feira (1º) —um dia antes, o Exército de Israel atirou contra civis que aguardavam para receber alimentos no norte da faixa. Mais de 110 palestinos morreram na ofensiva, segundo o grupo terrorista Hamas, que controla o território, em um episódio que intensificou os comentários de que Tel Aviv atua de forma desproporcional no conflito.

Em meio à crise, centenas de pacotes de ajuda humanitária destinados à Faixa de Gaza enviados por vários países, incluindo o Brasil, estão bloqueados por Israel na região da fronteira com o Egito. O bloqueio tem sido denunciado pelo deputado italiano Ângelo Bonelli, do partido Europa Verde, que integra uma delegação de seu país enviada à região fronteiriça para monitorar a entrega de ajuda.

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