O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou nesta quinta-feira (7) que Tel Aviv manterá em curso a invasão da Faixa de Gaza, inclusive de Rafah. "Há pressão internacional, e ela está aumentando. Mas especialmente quando a pressão internacional aumenta é que devemos cerrar fileiras e nos unir contra as tentativas de parar a guerra", disse.
O Exército seguirá operando contra o Hamas em toda a Faixa de Gaza, afirmou Netanyahu, "incluindo Rafah, o último reduto do Hamas". "Quem nos disser para não agir em Rafah está nos dizendo para perder a guerra e isso não vai acontecer."
Israel indicou como prazo para invadir Rafah o início do Ramadã, no próximo dia 10.
Superlotado por deslocados internos, Rafah é o maior centro urbano de Gaza que ainda não foi alvo de uma invasão terrestre do Exército de Israel, embora bombardeios atinjam a cidade desde o início do conflito. O local fica na fronteira com o Egito e tem sido a porta de entrada para ajuda humanitária que não é barrada em direção ao território palestino.
A delegação do Hamas que participa de negociações por uma trégua com Israel na Faixa de Gaza deixou o Cairo também nesta quinta, mas disse em comunicado que continuará com os diálogos pelo cessar-fogo no território palestino até que um acordo seja alcançado.
Sami Abu Zuhri, alta autoridade do grupo terrorista, culpa Israel por "bloquear" as conversas e impedir o progresso das negociações que envolvem também a libertação de reféns sequestrados pelo Hamas e mantidos em Gaza.
"A delegação do Hamas deixou o Cairo nesta manhã para consulta com a liderança do movimento. As negociações e esforços continuam para parar a agressão, devolver os deslocados internos e trazer ajuda humanitária para nosso povo", disse o grupo em comunicado.
Abu Zuhri afirmou à Reuters que Israel tem rejeitado durante os quatro dias de negociações no Cairo as demandas do Hamas para encerrar sua ofensiva no território palestino, retirar suas Forças Armadas de lá e garantir a liberdade de entrada para ajuda humanitária e retorno de pessoas deslocadas.
Negociadores do Hamas, do Qatar e do Egito —os dois últimos têm mediado o diálogo entre as partes envolvidas— tentaram nesta semana garantir um cessar-fogo de 40 dias a tempo do Ramadã. Israel não enviou delegação ao Cairo.
O acordo apresentado ao Hamas para Gaza pedia a libertação de alguns dos reféns que ainda mantém após o ataque de 7 de outubro, em troca da soltura de prisioneiros palestinos detidos em Israel.
O Hamas se comprometeu a continuar as negociações no Cairo, mas a facção palestina não abre mão de suas demandas mais amplas por cessar-fogo, retorno de deslocados a suas casas e retirada das tropas de Tel Aviv de Gaza.
Israel estaria se mantendo afastado das conversas no Cairo porque o Hamas se recusou a fornecer uma lista de reféns que ainda estão vivos, segundo fontes afirmaram à Reuters. O grupo terrorista diz que isso é impossível sem um cessar-fogo, já que os reféns estão espalhados pela zona de guerra.
"Desnecessário dizer que Israel fará o que for preciso para libertar nossos reféns. Ficou muito, muito claro, e isso foi reiterado pelos Estados Unidos que, infelizmente, é o Hamas que está sendo o obstáculo no momento por não nos dizer quem está vivo e quem eles têm sob custódia", disse o porta-voz do governo israelense, David Mencer, nesta quinta.
O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou mais cedo nesta semana que um acordo para um cessar-fogo está nas mãos do Hamas. Apesar de comentários de que as negociações chegaram a um impasse, Washington defende que um acordo para uma trégua ainda é possível.
"Ainda acreditamos que os obstáculos não são intransponíveis e que um acordo pode ser alcançado, então vamos continuar pressionando", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, em Washington, nesta quarta (6).
O Ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas, disse que o número de pessoas mortas na ofensiva de Israel chegou a 30.800. Foram relatadas 83 mortes nas últimas 24 horas e testemunhas dizem que os bombardeios israelenses continuam em Khan Yunis, em Rafah, e em áreas no centro de Gaza.
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