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Netanyahu descarta trégua e diz que ofensiva em Gaza continuará mesmo em Rafah

Hamas deixa rodada de negociações no Cairo e acusa Israel de bloquear diálogo por cessar-fogo

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Cairo | Reuters

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou nesta quinta-feira (7) que Tel Aviv manterá em curso a invasão da Faixa de Gaza, inclusive de Rafah. "Há pressão internacional, e ela está aumentando. Mas especialmente quando a pressão internacional aumenta é que devemos cerrar fileiras e nos unir contra as tentativas de parar a guerra", disse.

O Exército seguirá operando contra o Hamas em toda a Faixa de Gaza, afirmou Netanyahu, "incluindo Rafah, o último reduto do Hamas". "Quem nos disser para não agir em Rafah está nos dizendo para perder a guerra e isso não vai acontecer."

Israel indicou como prazo para invadir Rafah o início do Ramadã, no próximo dia 10.

Corpos de palestinos são enterrados em valas comuns em Rafah, no sul da Faixa de Gaza
Corpos de palestinos são enterrados em valas comuns em Rafah, no sul da Faixa de Gaza - Mohammed Salem - 7.mar.2024/Reuters

Superlotado por deslocados internos, Rafah é o maior centro urbano de Gaza que ainda não foi alvo de uma invasão terrestre do Exército de Israel, embora bombardeios atinjam a cidade desde o início do conflito. O local fica na fronteira com o Egito e tem sido a porta de entrada para ajuda humanitária que não é barrada em direção ao território palestino.

A delegação do Hamas que participa de negociações por uma trégua com Israel na Faixa de Gaza deixou o Cairo também nesta quinta, mas disse em comunicado que continuará com os diálogos pelo cessar-fogo no território palestino até que um acordo seja alcançado.

Sami Abu Zuhri, alta autoridade do grupo terrorista, culpa Israel por "bloquear" as conversas e impedir o progresso das negociações que envolvem também a libertação de reféns sequestrados pelo Hamas e mantidos em Gaza.

"A delegação do Hamas deixou o Cairo nesta manhã para consulta com a liderança do movimento. As negociações e esforços continuam para parar a agressão, devolver os deslocados internos e trazer ajuda humanitária para nosso povo", disse o grupo em comunicado.

Abu Zuhri afirmou à Reuters que Israel tem rejeitado durante os quatro dias de negociações no Cairo as demandas do Hamas para encerrar sua ofensiva no território palestino, retirar suas Forças Armadas de lá e garantir a liberdade de entrada para ajuda humanitária e retorno de pessoas deslocadas.

Negociadores do Hamas, do Qatar e do Egito —os dois últimos têm mediado o diálogo entre as partes envolvidas— tentaram nesta semana garantir um cessar-fogo de 40 dias a tempo do Ramadã. Israel não enviou delegação ao Cairo.

O acordo apresentado ao Hamas para Gaza pedia a libertação de alguns dos reféns que ainda mantém após o ataque de 7 de outubro, em troca da soltura de prisioneiros palestinos detidos em Israel.

O Hamas se comprometeu a continuar as negociações no Cairo, mas a facção palestina não abre mão de suas demandas mais amplas por cessar-fogo, retorno de deslocados a suas casas e retirada das tropas de Tel Aviv de Gaza.

Israel estaria se mantendo afastado das conversas no Cairo porque o Hamas se recusou a fornecer uma lista de reféns que ainda estão vivos, segundo fontes afirmaram à Reuters. O grupo terrorista diz que isso é impossível sem um cessar-fogo, já que os reféns estão espalhados pela zona de guerra.

"Desnecessário dizer que Israel fará o que for preciso para libertar nossos reféns. Ficou muito, muito claro, e isso foi reiterado pelos Estados Unidos que, infelizmente, é o Hamas que está sendo o obstáculo no momento por não nos dizer quem está vivo e quem eles têm sob custódia", disse o porta-voz do governo israelense, David Mencer, nesta quinta.

O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou mais cedo nesta semana que um acordo para um cessar-fogo está nas mãos do Hamas. Apesar de comentários de que as negociações chegaram a um impasse, Washington defende que um acordo para uma trégua ainda é possível.

"Ainda acreditamos que os obstáculos não são intransponíveis e que um acordo pode ser alcançado, então vamos continuar pressionando", disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, em Washington, nesta quarta (6).

O Ministério da Saúde em Gaza, controlado pelo Hamas, disse que o número de pessoas mortas na ofensiva de Israel chegou a 30.800. Foram relatadas 83 mortes nas últimas 24 horas e testemunhas dizem que os bombardeios israelenses continuam em Khan Yunis, em Rafah, e em áreas no centro de Gaza.

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