Maduro chama canal alemão de nazista após reportagem crítica; sinal sai do ar no país

Deutsche Welle acusou políticos do alto escalão do regime de envolvimento com o narcotráfico e garimpo

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Caracas | AFP

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, chamou a emissora alemã Deutsche Welle (DW) de "nazista" nesta segunda-feira (4) após a publicação de uma reportagem acusando políticos do alto escalão do regime de envolvimento com o narcotráfico.

O sinal da DW na Venezuela não funcionava na noite de segunda, de acordo com a agência de notícias AFP, mas não foi possível determinar quando o canal saiu do ar. Nem o regime nem a emissora alemã confirmavam se uma medida específica foi tomada contra a empresa.

O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, em comício em homenagem a Hugo Chávez - Marcos Salgado - 29.fev.2024/Xinhua

Maduro acusou a DW de participar de uma "campanha midiática contra a Venezuela", uma acusação que já repetiu diversas vezes contra outros veículos. A DW é uma televisão pública financiada pelo governo alemão.

"Existe uma campanha dirigida pela CNN en Español, pela Associated Press, por todos esses veículos, entre eles um veículo nazista da Alemanha, a Deutsche Welle", disse Maduro no seu programa semanal na televisão estatal. "Uma campanha dizendo que todos os crimes do mundo hoje são cometidos por venezuelanos."

"Pedimos veementemente ao governo venezuelano que restabeleça a distribuição do canal de TV da DW Español o mais rapidamente possível. O cancelamento da distribuição da DW é um grave ataque à liberdade do povo venezuelano de se informar de forma independente", afirmou o diretor-geral da DW, Peter Limbourg, nesta terça.

"Milhões de pessoas fugiram da Venezuela sob o regime de Maduro. Praticamente não há liberdade de imprensa. O fato de ele reagir com comparações absurdas a críticas baseadas em fatos é algo que combina com esse perfil", disse Limbourg.

A CNN en Español teve seu sinal proibido na Venezuela em 2017, por ordem do regime, quando Maduro acusou a rede americana de "conspiração".

A reportagem publicada pela DW trazia informações sobre um suposto cartel de tráfico de drogas e garimpo ilegal operado por militares venezuelanos, com a anuência do regime.

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Imprensa (SNTP, na sigla em espanhol) e outras organizações denunciam uma escalada contra veículos de mídia na Venezuela ao longo do chavismo, documentando o fechamento de mais de 200 jornais, emissoras de rádios e TVs.

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