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Ato pró-Sánchez reúne milhares em Madri contra renúncia do premiê

Primeiro-ministro sugeriu que pode deixar o cargo após abertura de investigação contra sua esposa

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Elena Rodriguez
Madri | Reuters

Milhares de apoiadores do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) participaram de uma manifestação em frente à sede da legenda em Madri neste sábado (27) para pedir ao primeiro-ministro Pedro Sánchez que permaneça no cargo, depois de o premiê ter sugerido que poderia renunciar.

Em carta publicada na quarta-feira (24) em rede social, Sánchez disse que se afastaria "por alguns dias" para decidir se quer continuar liderando o governo após um tribunal iniciar uma investigação sobre corrupção e tráfico de influência relativa a negócios de sua esposa, Begoña Gómez. Segundo ele, a apuração faz parte de uma campanha de difamação contra ele e sua família por oponentes políticos.

Manifestantes a favor do Partido Socialista espanhol se reúnem na frente da sede da legenda em Madri para mostrar apoio ao premiê Pedro Sánchez
Manifestantes a favor do Partido Socialista espanhol se reúnem na frente da sede da legenda em Madri para mostrar apoio ao premiê Pedro Sánchez - Violeta Santos Moura - 27.abr.24/Reuters

"Neste momento, eu tenho que perguntar a mim mesmo: vale a pena? Sinceramente, não sei se devo continuar liderando o governo ou renunciar a essa honra. Vou cancelar minha agenda pública por alguns dias para refletir e decidir qual caminho seguir", escreveu o premiê na ocasião.

O anúncio, considerado surpreendente mesmo para integrantes do PSOE, ocorreu horas após o tribunal informar sobre o início da investigação preliminar contra Begoña. Sánchez nega as acusações feitas contra a esposa e diz que anunciará a decisão sobre seu futuro à frente do país na segunda-feira (29).

Apoiadores do PSOE ocupam ruas em volta nos arredores da sede da legenda em Madri
Apoiadores do PSOE ocupam ruas em volta nos arredores da sede da legenda em Madri - Oscar del Pozo - 27.abr.24/AFP

"Primeiro-Ministro, fique. Pedro, fique. Estamos com você", disse María Jesús Montero, vice de Sánchez e ministra da Fazenda, em uma reunião do comitê federal do PSOE.

Do lado de fora, apoiadores lotaram as ruas e cantaram em meio a pedidos para que Sánchez permaneça no cargo, muitos agitando bandeiras ou com o rosto pintado.

"Espero que ele continue, porque a Espanha tem que continuar com ele. Se não, me assusta. Temos medo do que poderia acontecer", disse Leonor Romero, 56, vereadora de Huelva, no sul da Espanha, à agência Reuters.

"Ele deve continuar. Acho que ele não vai renunciar. Ele nos deixará órfãos", disse José Luis Trigo, 74, aposentado.

Partidos de oposição condenaram o anúncio de Sánchez sobre a possibilidade de renúncia. "Peço a todos os cidadãos para não serem enganados. A Espanha não tem um problema, quem tem um problema judicial é Sánchez, seu governo, seu partido e seu círculo. Deixem-nos resolver isso", disse Alberto Núñez Feijóo, líder do partido conservador de oposição Partido Popular (PP), em uma reunião em Tarragona, na Catalunha.

Na quinta-feira (25), o Ministério Público espanhol pediu o arquivamento da denúncia contra Begoña. O órgão contestou o despacho de um juiz de Madri que aceitou a denúncia enviada pela associação Mãos Limpas —grupo ligado ao partido Vox, de ultradireita, e ao conservador PP, de Feijóo, que venceu as eleições em junho de 2023, mas não conseguiu apoio necessário do Parlamento para assumir o cargo.

Segundo a denúncia, a primeira-dama, aproveitando-se de seu status pessoal, "recomendou ou endossou empresários que participaram de concursos públicos".

No documento enviado ao tribunal, a Mãos Limpas afirmou que as acusações se baseiam exclusivamente em informações publicadas por "vários jornais digitais e em papel, e, posteriormente, em talk shows televisivos".

Na quinta, a associação admitiu que é possível que a denúncia se baseie em informações falsas. Mas afirmou também que forneceria documentação adicional para demonstrar que a esposa do premiê cometeu efetivamente um possível crime de tráfico de influência e corrupção empresarial.

As acusações de tráfico de influência vinham sendo publicados desde o final de 2022 por canais de YouTube de direita. As informações foram constantemente negadas pelo PSOE, mas a associação tentou levar o caso aos tribunais por diversas vezes, sem sucesso.

Na quinta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que conversou com Sánchez e prestou solidariedade ao premiê espanhol.

"Conversei hoje com Pedro Sánchez para prestar solidariedade a sua liderança e papel por uma Espanha democrática e cada vez mais justa, próspera e humana. Sua força e papel são importantes para o seu país, para a Europa e para o mundo", escreveu o presidente brasileiro em sua rede social.

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