Descrição de chapéu guerra israel-hamas França

Estudantes pró-Palestina bloqueiam prédio da Sciences Po, em Paris

Manifestantes exigem que instituição condene ações de Israel em Gaza; protestos do tipo também estão espalhados pelos EUA

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São Paulo

Estudantes bloquearam na noite de quinta-feira (25) o acesso à universidade Sciences Po, em Paris, para protestar contra a guerra na Faixa de Gaza. A manifestação, que ecoou atos semelhantes nos Estados Unidos, exigiu que a instituição condenasse as ações de Israel no território palestino.

A entrada da prestigiosa instituição de ensino superior amanheceu obstruída com material de construção e lixeiras. Os alunos, que gritavam palavras de ordem e usavam o lenço keffiyeh, emblema de solidariedade a Gaza, penduraram bandeiras palestinas nas janelas do edifício histórico, no centro da capital francesa.

Manifestantes ocupam edifício da Universidade Sciences Po e bloqueiam entrada em apoio a palestinos em Gaza - Benoit Tessier/Reuters

"Vemos o que está acontecendo nos EUA e na Austrália e realmente esperamos que esse movimento se espalhe aqui na França. O mundo acadêmico tem um papel a cumprir", disse à agência de notícias Reuters Hicham, 22, estudante de mestrado em direitos humanos.

"Não cederemos até que o genocídio em Gaza termine", afirmou Zoe, 20, mestranda em administração pública.

Em uma carta aos professores, o diretor interino da Sciences Po, Jean Bassères, condenou o bloqueio do prédio. Ele disse que, na noite de quarta (24), a polícia já havia removido um primeiro grupo de estudantes.

Horas depois, manifestantes envoltos em bandeiras de Israel e da França marcharam até o prédio em protesto contra o ato, o que aumentou a tensão. A polícia precisou intervir para manter os grupos separados.

À noite, a direção da Sciences Po anunciou um acordo com os manifestantes pró-Palestina para que a entrada da universidade fosse desobstruída, segundo o jornal francês Le Monde. Em comunicado, a instituição disse que se compromete a organizar um debate interno sobre a guerra Israel-Hamas, além de suspender as medidas disciplinares adotadas contra alunos envolvidos no ato.

"Diante dessas decisões, os estudantes se comprometeram a não perturbar mais as aulas, as provas, bem como todas as atividades da instituição", escreveu Bassères, em mensagem enviada a alunos e a professores.

A manifestação aconteceu na esteira de diversos movimentos semelhantes nos EUA. Algumas das universidades americanas mais prestigiosas enfrentaram uma série de tumultos na última semana devido a protestos relacionados com a guerra em Gaza.

Nesta sexta-feira (26), novos confrontos entre a polícia e estudantes eclodiram, levantando questões sobre os métodos que estão sendo usados para reprimir os protestos.

O epicentro das manifestações está em Columbia, universidade localizada em Nova York na qual funcionários enfrentam um impasse em relação à remoção de um acampamento contra a guerra em Gaza. Após um prazo inicial para um acordo com os estudantes expirar nesta semana, a administração da instituição deu aos manifestantes até esta sexta para uma nova deliberação.

Os deputados democratas eleitos por Nova York Alexandria Ocasio-Cortez e Jamaal Bowman visitaram o acampamento de Columbia nesta sexta. "Qualquer líder que tenha apelado à aplicação da violência contra pessoas que estão se organizando pacificamente deveria estar profundamente envergonhado de si mesmo", afirmou a deputada, segundo a CNN americana.

Na quarta, o presidente da Câmara, o republicano Mike Johnson, também visitou o campus e pediu a renúncia da reitora se ela não pudesse levar "ordem imediatamente ao caos".

Outras universidades parecem determinadas a evitar que protestos semelhantes e de longa duração se estabeleçam, optando por trabalhar com a polícia para encerrá-los rapidamente e, em alguns casos, com uso da força. Ao todo, quase 550 detenções foram feitas na última semana, de acordo com um levantamento da agência de notícias Reuters.

De um lado, manifestantes defendem sua liberdade de expressão enquanto criticam as universidades e o governo israelense e defendem o fim dos ataques contra os territórios palestinos; de outro, parte dos estudantes judeus se diz temerosa e afirma que protestos contra a guerra se transformaram em antissemitismo.

Houve ações em instituições como Harvard, em Cambridge, Brown, em Rhode Island, Universidade de Michigan, em Ann Arbor, MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), e na Politécnica do Estado da Califórnia, em Humboldt, entre outras.

Nesta sexta, 75 estudantes montaram um acampamento na Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, segundo a CNN. Já a Universidade George Washington, na capital, emitiu um comunicado afirmando que iniciará ações disciplinares contra os estudantes envolvidos nas manifestações.

Na quinta, o grupo Palestine Legal, dos EUA, apresentou uma queixa contra a Universidade Columbia pela detenção em massa de manifestantes antiguerra na semana passada. A organização, que busca proteger o direito dos americanos de se manifestarem em nome dos palestinos, instou o Departamento de Educação dos EUA a investigar as ações da escola, que alega terem sido discriminatórias. A universidade se recusou a comentar.

Com Reuters

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