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Califórnia quer limitar presença na água de composto tóxico famoso pelo filme 'Erin Brockovich'

Empresas alertam sobre aumento de custos de limitação do cromo-6, e ativistas pedem redução ainda maior

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Boa Vista

Um órgão regulatório da Califórnia votou na semana passada para estabelecer um limite de água potável para o cromo hexavalente, um composto químico tóxico que ganhou fama com o filme "Erin Brockovich" (2000) —que rendeu um Oscar de melhor atriz para Julia Roberts pelo papel baseado na história real da assistente jurídica e ativista que investiga contaminação da água no estado americano.

A regra é a primeira nos Estados Unidos que visa especificamente o composto, conhecido como cromo-6. Segundo autoridades, a expectativa é que a decisão reduza o número de casos de câncer e doenças renais, associados ao consumo da substância.

Instalação de tratamento de água em Fountain Valley, na Califórnia
Instalação de tratamento de água em Fountain Valley, na Califórnia - Mario Tama - 20.jul.22/Getty Images/AFP

A proposta foi aprovada pelo Conselho de Controle de Recursos Hídricos do Estado, mas ainda precisa de aprovação do Gabinete de Lei Administrativa estadual para entrar em vigor, segundo a Associated Press.

Mais de 200 milhões de americanos bebem a substância na água potável, de acordo com análise a partir de dados federais de testes feitos pelo Environmental Working Group, uma organização sem fins lucrativos.

O novo limite da Califórnia para o cromo-6 é de 10 partes por bilhão. Moradores e ativistas se preocupam, no entanto, que a limitação não seja suficiente, e querem que o estado adote um limite mais próximo do objetivo de saúde pública de 0,02 partes por bilhão, valor aceito por cientistas para que a ingestão não represente riscos significativos à saúde.

Alguns fornecedores públicos de água alertaram em meio às discussões que, com o novo padrão, a oferta ficará mais cara e o ônus financeiro recairá de forma desproporcional sobre os mais pobres. Há críticas na indústria, ainda, que acusam o limite de não se basear nas pesquisas científicas mais recentes sobre o assunto.

As empresas fornecedoras de água precisarão começar a testar e acompanhar a presença do cromo-6, naturalmente presente e produzido em processos industriais, em outubro, quando o novo limite entra em vigor. Se os testes acusarem proporção acima do limite, as companhias precisarão apresentar plano de conformidade em três meses e cumpri-lo entre dois e quatro anos, dependendo de quantos clientes são atendidos.

O cromo é um mineral naturalmente presente no solo, plantas, animais e rochas, que pode chegar a águas subterrâneas pelo solo. Ele ocorre em diversas formas, incluindo o cromo-6, e é usado na produção de aço inoxidável, na indústria do couro, na fabricação têxtil e na preservação de madeira, o que pode contribuir para a contaminação da água potável, segundo o Escritório de Avaliação de Riscos à Saúde Ambiental da Califórnia.

Cientistas sabem há décadas que inalar cromo-6 pode causar câncer de pulmão, mas por muito tempo não se sabia ao certo se a ingestão da substância causaria a doença em alguma de suas formas.

Estudos do Programa Nacional de Toxicologia mudaram isso, mostrando resultados de experimentos em que roedores que beberam água com altos níveis de cromo-6 por dois anos desenvolveram câncer intestinal e oral. Há críticas de pesquisadores que sustentam que as concentrações do composto dadas aos roedores nos testes eram milhares de vezes maiores do que as que presentes na água potável dos EUA.

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