Câmara dos EUA aprova megapacote de US$ 95 bilhões em ajuda a Ucrânia, Israel e Taiwan

Projeto agora vai para o Senado, onde também deve passar, para depois virar lei

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Washington | Reuters

Depois de um longo e tortuoso caminho, a Câmara dos Estados Unidos, controlada pelo Partido Republicano, aprovou neste sábado (20) um pacote de ajuda à Ucrânia, Israel e Taiwan, todos aliados americanos, no valor de US$ 95 bilhões (cerca de R$ 494 bilhões).

Mais de dois meses se passaram desde que o Senado, de maioria democrata, aprovou uma medida semelhante. Desde então, os líderes dos EUA, desde o presidente democrata Joe Biden até o principal republicano do Senado, Mitch McConnell, vinham insistindo com o presidente da Câmara, Mike Johnson, para que ele colocasse o pacote em votação.

Ao centro, o presidente da Câmara, Mike Johson, chega para a votação do pacote no Congresso, em Washington - Ken Cedeno -20.abr.2024/Reuters

Nesta semana, Johnson avançou com a medida, que inclui cerca de US$ 60,8 bilhões para a Ucrânia, US$ 26 bilhões para Israel e ajuda humanitária para civis em Gaza, além de US$ 8 bilhões para a região do Indo-Pacífico. No pacote também está uma ameaça de proibição da rede social chinesa TikTok nos EUA e a potencial transferência de ativos russos apreendidos para Kiev.

Com a aprovação, o projeto volta para o Senado na semana que vem e em seguida vai para a assinatura de Biden, que deve transformar o pacote em lei. Neste sábado, o presidente pediu pressa no envio para a sua chancela.

Durante a votação, cerca de uma dúzia de parlamentares democratas agitaram bandeirinhas ucranianas quando ficou claro que a parte relativa à Kiev ia passar. Johnson disse a eles que isso era uma "violação do decoro".

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou no X, o antigo Twitter, se sentir grato aos partidos Democrata e Republicano e a Johson "pela decisão que mantém a história no caminho certo".

Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, disse à agência de notícias russa Tass que a aprovação do pacote vai arruinar ainda mais a Ucrânia e resultar em mais mortes. Ainda segundo ele, uma disposição na legislação que permite à administração dos EUA confiscar bens russos apreendidos e transferi-los para a Ucrânia mancharia a imagem de Washington.

A aprovação refletiu o apoio bipartidário no Congresso para continuar a ajudar os militares ucranianos a derrotar as forças russas, mas também o risco político assumido pelo presidente da Câmara em colocar a votação em pauta —ele desafiou a ala radical de seu partido, que havia impedido o avanço da medida e ameaçado expulsá-lo do cargo.

Durante meses, foi incerto se o Congresso aprovaria mais financiamento para a Ucrânia, mesmo no momento em que a dinâmica da guerra mudou a favor da Rússia. Os republicanos linha dura opuseram-se a um novo pacote de ajuda a Kiev, a menos que o presidente Biden concordasse com medidas anti-imigração rigorosas.

O argumento dos republicanos é que o país não poderia arcar com o custo de uma nova ajuda externa. Os republicanos ameaçaram repetidamente destituir Johnson, que se tornou presidente da Câmara em outubro, depois que seu antecessor, Kevin McCarthy, foi deposto pela linha dura do partido.

"Não é a legislação perfeita, não é a legislação que escreveríamos se os republicanos estivessem no comando da Câmara, do Senado e da Casa Branca", disse Johnson a repórteres na sexta-feira (19). "Este é o melhor produto possível que podemos obter nestas circunstâncias para cumprir estas obrigações realmente importantes", acrescentou.

"O mundo está observando o que o Congresso faz", disse a Casa Branca em comunicado na sexta-feira (19). "A aprovação desta legislação enviaria uma mensagem poderosa sobre a força da liderança americana num momento crucial. A administração insta ambas as câmaras do Congresso a enviarem rapidamente este pacote de financiamento suplementar à mesa do presidente."

Um dos projetos de lei debatidos neste sábado ajudaria a abrir caminho para a venda de ativos russos congelados, a fim de financiar o esforço de guerra ucraniano. Os aliados americanos, incluindo a França e a Alemanha, são céticos quanto à viabilidade de tal medida pelas leis internacionais e, em vez disso, têm pressionado para que os rendimentos dos juros dos quase US$ 300 bilhões de dólares de ativos russos congelados sejam entregues diretamente à Ucrânia.

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