Descrição de chapéu diplomacia brasileira

Chefe do Itamaraty pede 'máxima contenção' ao Irã após ataque atribuído a Israel

Mauro Vieira encontrou homólogo iraniano após ofensiva aumentar temor de conflito mais amplo no Oriente Médio

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São Paulo

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, pediu "máxima contenção" ao regime do Irã após os ataques atribuídos a Israel contra o país persa, na madrugada desta sexta-feira (19), em episódio que aumentou o temor de um conflito mais amplo no Oriente Médio.

Vieira conversou com seu homólogo iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, em encontro bilateral na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York. "O Brasil apela a todas as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada", disse nota divulgada pelo Itamaraty. "Esse apelo foi transmitido diretamente pelo ministro Mauro Vieira ao chanceler do Irã."

O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, no Palácio do Itamaraty, em Brasília
O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, no Palácio do Itamaraty, em Brasília - Evaristo Sá - 15.abr.24/AFP

O iraniano, por sua vez, disse ser necessário interromper "os crimes do regime sionista [termo usado por Teerã para se referir a Israel]" e estabelecer um "cessar-fogo duradouro" para que a região possa ter estabilidade e segurança, segundo a agência de notícias Reuters.

Mais cedo, a jornalistas, Abdollahian minimizou a ofensiva contra o território iraniano ao dizer que não foram registrados vítimas nem danos. "Os apoiadores do regime sionista na imprensa, em um esforço desesperado, tentaram transformar a derrota em vitória, mas os minidrones foram derrubados e não causaram danos nem vítimas", afirmou ele.

Analistas dizem que o ataque desta sexta parece ter tido como alvo uma base da Força Aérea iraniana perto da cidade de Isfahan, na região central do país. O local escolhido, próximo de instalações nucleares, teria sido uma mensagem de Israel sobre o alcance de seu poderio militar, ainda que Tel Aviv não tenha usado aviões ou mísseis balísticos.

O regime iraniano disse que seus sistemas de defesa abateram três drones sobre uma base. Tel Aviv não se manifestou sobre o episódio, apontado como uma possível retaliação ao ataque feito pelo Irã com cerca de 300 mísseis e drones no último sábado (13) contra o território israelense.

Na ocasião, a nota do governo brasileiro sobre a ofensiva iraniana motivou críticas de entidades judaicas. Em comunicado, o Itamaraty disse que o Brasil acompanha "com grave preocupação" o lançamento de drones e mísseis em território israelense, mas não condenou Teerã.

Dias depois, Vieira afirmou que o posicionamento do governo brasileiro sobre o ataque foi elaborado num momento em que ainda não estavam claros a extensão e o alcance da ofensiva.

Entidades judaicas vêm criticando os posicionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do Itamaraty desde os ataques terroristas do Hamas em Israel, em 7 de outubro do ano passado, e a subsequente guerra em Gaza.

Em fevereiro, Lula comparou as ações militares de Israel na Faixa de Gaza a um genocídio e fez um paralelo com o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler. As declarações levaram o Ministério das Relações Exteriores do governo de Binyamin Netanyahu a declarar o líder brasileiro "persona non grata".

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