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Em 2º dia de julgamento, Trump retorna a tribunal de NY para seleção de júri

Sete primeiros jurados são escolhidos para avaliar caso; empresário é acusado de comprar silêncio de atriz pornô

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Nova York | Reuters

Os sete primeiros jurados que vão atuar no processo criminal contra Donald Trump foram selecionados nesta terça-feira (16), no segundo dia de julgamento no tribunal de Manhattan, em Nova York. O empresário responde à acusação de, durante a campanha eleitoral de 2016, ter comprado o silêncio de uma atriz pornô com quem teria tido um relacionamento. Na segunda (11), o ex-presidente afirmou ser vítima de perseguição política.

No total, 12 jurados serão selecionados para atuar no julgamento do primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar acusações criminais. O processo de escolha pode durar mais de uma semana.

O ex-presidente Donald Trump aguarda o início dos procedimentos no segundo dia de seleção do júri no tribunal criminal de Manhattan - Mary Altaffer/Pool/Reuters

O procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, um democrata, acusou Trump de 34 crimes de falsificação de registros comerciais para encobrir um pagamento a Stormy Daniels antes da eleição de 2016. A atriz diz que manteve encontros com o empresário cerca de uma década antes.

O ex-presidente diz ser inocente e nega que tenha se relacionado com Daniels. Ele chama o caso de "caça às bruxas" partidária com o objetivo de interferir na campanha eleitoral americana.

Dezoito potenciais jurados do grupo inicial, de 96, foram ouvidos pelos advogados nesta terça. "Este caso não é realmente sobre se você gosta de Donald Trump. Este caso é sobre o Estado de Direito e se Trump o violou", disse o promotor distrital assistente de Manhattan, Joshua Steinglass, para o grupo.

Trump, que esteve no tribunal pelo segundo dia consecutivo, segurava um pedaço de papel perto do rosto enquanto os jurados liam as respostas. Ele bocejou várias vezes enquanto se apoiava em uma cadeira.

O juiz Juan Merchan, que supervisiona o julgamento, reclamou da postura de Trump durante a sessão. Ele disse que o ex-presidente estava proferindo algo de forma audível enquanto os advogados questionavam um possível jurado. "Não permitirei que nenhum jurado seja intimidado no tribunal", disse Merchan.

Os sete selecionados do dia têm perfis distintos: um homem originário da Irlanda que gosta de fazer "qualquer coisa ao ar livre" e assiste tanto à MSNBC quanto à Fox News, uma mulher que trabalha como enfermeira oncológica e que gosta de levar seu cachorro ao parque, além de um advogado corporativo que alega não acompanhar as notícias de perto estão entre os escolhidos.

Os 12 jurados no total, juntamente com seis suplentes, ouvirão os depoimentos de Stormy Daniels e Michael Cohen, o ex-advogado e ex-assessor de Trump que deverá ser uma testemunha importante no caso.

De acordo com pesquisa Associated Press-NORC, o primeiro julgamento criminal enfrentado por Trump é também aquele em que os americanos estão menos convencidos de que ele cometeu um crime. Apenas um terço dos entrevistados afirma acreditar que o ex-presidente fez algo ilegal. Em contrapartida, quase metade diz pensar que Trump cometeu algum ato ilícito nos outros três processos criminais pendentes contra ele.

Em outras jurisdições, Trump é acusado de manter consigo documentos sigilosos depois de deixar a Casa Branca e de tentar reverter sua derrota em 2020 para o democrata Joe Biden —o republicano se declara inocente em todos os processos. Mas o caso do dinheiro pago à Stormy Daniels pode ser o único a ir a julgamento antes da eleição de 5 de novembro.

Embora o caso de Nova York esteja centrado em eventos que ocorreram há mais de sete anos, os promotores estão tentando responsabilizar Trump também por condutas mais recentes. Na segunda, eles solicitaram ao juiz Juan Merchan que multasse Trump em US$ 1.000 (R$ 5.174) por cada uma das três postagens nas mídias sociais neste mês que criticaram a atriz e Cohen.

De acordo com uma ordem imposta por Merchan, o ex-presidente está impedido de fazer declarações sobre testemunhas, funcionários do tribunal e membros da família que possam interferir no caso. O advogado de Trump, Todd Blanche, alega que o ex-presidente apenas respondeu a críticas públicas.

O empresário usou sua plataforma de mídia social Truth Social na manhã de terça para criticar Merchan, dizendo que o juiz não permite que ele responda a "pessoas que estão na TV mentindo e vomitando ódio o dia todo". "Retirem a ordem de mordaça", escreveu Trump.

Na segunda, Merchan negou um pedido para que Trump faltasse a uma sessão do caso e comparecesse a uma audiência na Suprema Corte dos EUA, onde seus advogados argumentarão que o republicano deveria ter imunidade e não poderia ser processado por ações que tomou como presidente.

"Ele acha que é superior à Suprema Corte. Temos um problema real com esse juiz", disse Trump sobre Merchan.

De acordo com a Promotoria, Michael Cohen, assessor de Trump, teria pagado US$ 130 mil a Stormy Daniels em acordo para que ela não falasse sobre suposto caso com o empresário. Depois, já durante seu mandato na Casa Branca, o republicano teria reembolsado Cohen com depósitos feitos pela empresa de Trump, em dinheiro disfarçado de despesas legais da empresa, o que violaria, de acordo com os promotores, leis de Nova York.

A Promotoria trabalha com a tese de que esse não é o único caso de compra de silêncio ocorrido durante a campanha de 2016, o que poderia se relacionar a um esforço maior para impulsionar as chances eleitorais de Trump na ocasião e, assim, a um delito eleitoral do estado e a uma violação relativa ao financiamento de campanha.

Se condenado, Trump ainda poderia concorrer a um cargo e servir como presidente caso vença as eleições. No entanto, uma pesquisa Ipsos/Politico conduzida em março mostra que mais de um terço dos eleitores independentes —nem democratas, nem republicanos— disseram que uma condenação no caso diminui sua chance de apoiar Trump. Dada a previsão de disputa acirrada contra Biden, isso pode custar caro.

Erramos: o texto foi alterado

O americano Michael Cohen é ex-advogado e ex-assessor de Donald Trump, não ex-construtor. O texto foi corrigido.

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