Ex-líder de Mianmar, Aung San Suu Kyi deixa cadeia e fica em prisão domiciliar

Deposta por golpe militar em 2021, vencedora do Nobel da Paz cumpre pena de 27 anos; ela nega acusações

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Boa Vista

Aung San Suu Kyi, 78, ex-líder civil de Mianmar, foi transferida da cadeia de Naypyitaw, a capital mianmarense, para o regime de prisão domiciliar, disse na terça-feira (16) um porta-voz da junta militar que comanda o país desde o golpe de Estado em fevereiro de 2021.

"Como o clima está extremamente quente, não é apenas para Aung San Suu Kyi", afirmou o porta-voz da junta, o major-general Zaw Min Tun, em comentários relatados por quatro veículos da imprensa local. "[É] Para todos aqueles que precisam de precauções necessárias, especialmente prisioneiros idosos; estamos trabalhando para protegê-los da temperatura extrema."

A ex-líder de Mianmar Aung San Suu Kyi, em evento em 2018 em Singapura
A ex-líder de Mianmar Aung San Suu Kyi, em evento em 2018 em Singapura - Roslan Rahman - 12.nov.18/AFP

Zaw Min Tun não respondeu aos pedidos de comentário da agência de notícias Reuters.

Suu Kyi está detida desde que o Exército derrubou seu governo civil. Ela cumpre pena de 27 anos de prisão por crimes que vão desde traição e suborno até violações da lei de telecomunicações. A ex-líder civil e seus advogados negam as acusações.

Em fevereiro, seu filho Kim Aris disse que ela estava em confinamento solitário e que estava de bom humor. "Mesmo que sua saúde não esteja tão boa quanto no passado", disse ele na ocasião.

Um porta-voz do governo de unidade nacional, que trabalha do exílio, pediu a libertação incondicional de Suu Kyi, que possuía o cargo de conselheira de Estado, e de U Win Myint, 73, presidente de Mianmar na ocasião do golpe, também deposto pelos militares a agora entre os transferidos para prisão domiciliar de acordo com os relatos da imprensa local.

"Movê-los das prisões para as casas é bom, pois são melhores do que as prisões. No entanto, eles devem ser libertados incondicionalmente. Eles [os militares] devem assumir total responsabilidade pela saúde e segurança de Aung San Suu Kyi e U Win Myint", disse o porta-voz Kyaw Zaw à Reuters.

Em agosto do ano passado, logo após recrudescer a repressão e prorrogar por mais seis meses um estado de exceção, a junta militar reduziu a pena de Suu Kyi e de outros milhares de presos. Na ocasião, o regime anulou 5 dos 19 crimes pelos quais ela foi condenada, reduzindo a pena de 33 para 27 anos.

Após o golpe, Suu Kyi foi julgada por mais de uma dúzia de crimes —acusações que alguns dizem ter como objetivo garantir que ela nunca mais retome a atividade política. A comunidade internacional encara os julgamentos como uma farsa, embora o regime insista que ela foi submetida a um processo justo, e líderes mundiais e ativistas pró-democracia têm pedido repetidamente sua libertação.

Suu Kyi foi vencedora do Nobel da Paz em 1991 por sua luta pela democracia e direitos humanos e se tornou um símbolo da luta da sociedade mianmarense por democracia. Sua reputação, no entanto, foi abalada por sua gestão da crise da minoria rohingya, que lhe renderam acusações de limpeza étnica.

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