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Favorito em eleições no Panamá diz que vai fechar selva de Darién

José Raúl Mulino não detalha plano para impedir fluxo de refugiados em palco da maior crise migratória das Américas

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Boa Vista

O candidato favorito na eleição presidencial do Panamá, José Raúl Mulino, prometeu "fechar" a selva de Darién para migrantes que passam pela região em direção aos Estados Unidos, sem dar detalhes.

"Vamos fechar Darién e vamos repatriar todas essas pessoas conforme necessário, respeitando os direitos humanos", disse Mulino a jornalistas durante evento de campanha em Las Mañanitas, um subúrbio da capital panamenha.

Migrantes fazem fila às margens do rio Tuqueza, no Panamá
Migrantes fazem fila às margens do rio Tuqueza, no Panamá - Lalo de Almeida - 31.jan.24/Folhapress

Darién é o local de mata fechada, rios e morros na fronteira entre a Colômbia e o Panamá conhecida como "selva da morte". A travessia feita por centenas de milhares de migrantes vindos da América do Sul se transformou nos últimos anos na maior crise migratória das Américas e uma das mais agudas do mundo.

O apelido não é exagero. Ao menos 379 morreram tentando atravessar a área nos últimos dez anos, segundo projeto da ONU que tenta registrar os óbitos —o dado é sabidamente subnotificado.

Mais de 520 mil pessoas, a maioria delas venezuelanas, cruzaram a selva inóspita em 2023. Este ano, mais de 120 mil fizeram a travessia, de acordo com números oficiais. A Folha visitou o local no começo do ano.

"A fronteira dos Estados Unidos, em vez do Texas, foi movida para o Panamá. Então, temos que fazer um trabalho trilateral [entre Estados Unidos, Colômbia e Panamá] e eles têm que entender que o Panamá não é um país de trânsito de imigrantes", disse Mulino, que foi ministro da Segurança de Martinelli (2009-2014).

O candidato, no entanto, não deu qualquer detalhe de medidas possíveis para fechar a passagem, que se trata, na realidade, de uma série de rotas por rios e floresta tropical da região, controlada por grupos criminosos e com reconhecida corrupção das autoridades.

Mulino lidera a corrida à Presidência do Panamá com folga de 13 a 25 pontos percentuais, a depender da pesquisa. Ele substituiu Martinelli na cabeça da chapa em fevereiro, depois que o ex-presidente teve sua candidatura anulada após a Justiça confirmar sentença de prisão por lavagem de dinheiro.

"Não faço ideia do que se passa na cabeça deles. Fechar Darién é praticamente impossível", disse Juan Pappier, diretor adjunto das Américas da ONG Human Rights Watch ao jornal britânico The Guardian.

"Restringir o fluxo levaria as pessoas a tomar caminhos ainda mais perigosos. As pessoas arriscarão suas vidas, os grupos criminosos organizados ficarão mais ricos e o Panamá terá ainda menos controle", afirmou Pappier.

Com AFP

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