EUA retomam sanções contra Venezuela por cerco de Maduro a opositores

Principais adversários do ditador têm sido impedidos de concorrer em eleições previstas para 28 de julho

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O governo dos Estados Unidos vai retomar sanções contra os setores de petróleo e gás da Venezuela devido ao cerco imposto pelo regime à oposição antes das eleições previstas para julho, disseram nesta quarta-feira (17) autoridades americanas. A lisura do processo eleitoral tem sido questionada desde que os principais adversários do ditador Nicolás Maduro foram impedidos de participar da disputa.

Washington havia levantado as sanções ao setor energético venezuelano em outubro de 2023, por um prazo de seis meses, após diálogos entre o regime de Maduro e a oposição. O processo, mediado pela Noruega, ficou conhecido como Acordo de Barbados e estava condicionado a eleições livres e transparentes.

Ditador venezuelano, Nicolás Maduro, discursa em Caracas para homenagear Hugo Chávez
Ditador venezuelano, Nicolás Maduro, discursa em Caracas para homenagear Hugo Chávez - Leonardo Fernandez Viloria - 13.abr.24/Reuters

O acordo havia estabelecido a participação da oposição nas eleições marcadas para 28 de julho, nas quais Maduro busca um terceiro mandato, além da presença de observadores internacionais no pleito. No entanto, a principal adversária do ditador, María Corina Machado, permanece inabilitada, e Corina Yoris, nomeada por ela como substituta na corrida eleitoral, não conseguiu inscrever sua candidatura.

Insatisfeita com a situação, Washington advertiu várias vezes que, se Caracas não mudasse de rumo, iria reimpor as sanções. Em janeiro, a Casa Branca já havia reativado as sanções à empresa estatal de mineração de ouro, depois que o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela ratificou a inabilitação de María Corina.

Já a medida que alivia as sanções contra o petróleo e o gás expira nesta quinta-feira (18) e não será renovada. Embora Maduro tenha cumprido alguns dos compromissos firmados em Barbados, pontos-chave do acordo têm sido desrespeitados, disseram autoridades americanas à agência Reuters.

O governo americano deve estabelecer um período de 45 dias para que empresas encerrem seus negócios e transações vinculadas aos setores de gás e petróleo da Venezuela, de modo que a expiração não provoque "incerteza no setor global de energia", de acordo com o jornal americano The New York Times.

Antes do anúncio da retomada das sanções, o ministro da Energia venezuelano, Pedro Tellechea, disse nesta quarta que a indústria do país "não vai parar", independentemente de medidas adotadas pelo governo americano contra o país. "Em nenhum momento vamos parar de produzir, comercializar e explorar nossas reservas", disse ele a jornalistas em Caracas. "Não vamos parar com licença ou sem licença."

Ele acrescentou que algumas empresas podem ficar relutantes em investir na Venezuela diante das "medidas unilaterais" de Washington, mas disse acreditar que a maioria continuará operando no país.

Sanções mais robustas ao setor petrolífero da Venezuela foram impostas pela primeira vez durante o governo do republicano Donald Trump, em 2019, após a vitória de Maduro em eleição contestada por opositores e líderes ocidentais.

Já a retirada do alívio às sanções marca um retrocesso em relação à política de reengajamento do atual presidente dos EUA, Joe Biden, com o regime de Maduro —após a invasão russa da Ucrânia, Washington sinalizou a Caracas sua disposição de estreitar relações e, com isso, usar o petróleo venezuelano como substituto às importações do produto da Rússia.

No mês passado, as exportações de petróleo da Venezuela atingiram seu nível mais alto desde o início de 2020, pois diversas empresas aumentaram as compras antes da expiração prevista da licença, segundo a Reuters.

Qualquer atividade sob a licença que está expirando terá de ser concluída até 31 de maio, mas as empresas ainda podem voltar a solicitar individualmente licenças específicas, disseram as autoridades.

Com Reuters e AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.