Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Em retaliação, forças do Irã apreendem navio ligado a Israel; veja vídeo

Ação ocorreu perto do estreito de Hormuz, dias após Tel Aviv bombardear embaixada iraniana em Damasco; Teerã terá de suportar consequências, diz porta-voz israelense

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São Paulo

Um navio porta-contêineres de Israel foi apreendido por forças do Irã após um ataque por helicóptero, neste sábado (13), próximo ao estreito de Hormuz, no Oriente Médio. A ação, confirmada pela agência de notícias iraniana Tasnim, é vista como retaliação a Israel pelo bombardeio contra a seção consular de sua embaixada em Damasco, capital da Síria.

Este ataque, em 1º de abril, matou sete integrantes da Guarda Revolucionária iraniana, incluindo dois generais. Teerã atribuiu a autoria a Tel Aviv, que não confirmou envolvimento, mas continuou a ser responsabilizado.

Manifestantes queimam bandeira de Israel em Teerã durante protesto contra ataque à embaixada iraniana na Síria - Atta Kenare - 5abr.2024/AFP

Um vídeo divulgado no X registrou o suposto momento em que o helicóptero iraniano sobrevoa a embarcação, e dois soldados descem por uma corda.

A agência estatal iraniana Irna informou que homens da Guarda Revolucionária haviam embarcado e levado o navio MSC Aries para águas persas, sem explicar a motivação.

A MSC, por sua vez, confirmou que o Irã havia apreendido a embarcação e disse que estava trabalhando "com as autoridades relevantes" para seu retorno seguro e o bem-estar da tripulação de 25 pessoas.

O navio, de bandeira portuguesa, é alugado da Gortal Shipping, uma afiliada da Zodiac Maritime, empresa parcialmente controlada pelo empresário israelense Eyal Ofer.

Israel Katz, ministro das Relações Exteriores de Israel, confirmou a apreensão em post no X e disse que o aiatolá Ali Khamenei comanda "um regime criminoso que apoia os crimes do Hamas e está agora realizando uma operação pirata em violação do direito internacional".

Em declaração por vídeo, sem mencionar o incidente com o navio, o porta-voz das forças armadas de Israel (IDF, na sigla em inglês), Daniel Hagari, advertiu que o Irã "suportará as consequências por escolher escalar ainda mais a situação".

Segundo Hagari, Israel está em alerta máximo para combater prováveis novas agressões do país persa. "As IDF estão preparadas para todos os cenários e tomarão as medidas necessárias, juntamente com nossos aliados, para proteger o povo de Israel", afirmou. Em comunicado posterior, o porta-voz reforçou que as defesas aéreas de Israel estão vigilantes e "dezenas de aviões estão prontos no céu".

O país também proibiu atividades educacionais em todo seu território e restringiu reuniões a um número de mil pessoas. Em algumas áreas, como perto das fronteiras de Gaza e Líbano, há limites mais rígidos para grupos. As restrições, válidas até segunda-feira, às 23h, também se aplicam a excursões escolares e acampamentos.

Segundo a Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, encurtou uma viagem de fim de semana a Delaware para uma reunião, em Washington, com sua equipe de segurança nacional para avaliar a tensão em curso no Oriente Médio.

O episódio deste sábado (13) foi antecedido por dias de tensão no Ocidente sobre de que maneira o Irã retaliaria Israel pelo bombardeio na embaixada em Damasco. Na quarta (10), Khamenei disse que Tel Aviv seria "castigado". E o movimento libanês Hezbollah, apoiado pelos iranianos, anunciou que o disparo de "dezenas de foguetes" contra posições israelenses na sexta (12) fazia parte de uma resposta a agressões no sul do Líbano.

A Casa Branca havia afirmado que as ameaças de um ataque do Irã eram "críveis" e "reais". Pouco depois, os EUA anunciaram, sem entrar em detalhes, o envio de reforços ao Oriente Médio, em sinal de apoio a Israel. O movimento se deu depois de tensões entre Joe Biden e o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, por divergências em relação à guerra em Gaza, especialmente quanto ao estabelecimento de um novo cessar-fogo no conflito e a dificuldades para a entrada de ajuda humanitária no território palestino.

Biden disse acreditar que o Irã atacaria Israel no curto prazo e alertou Teerã para não prosseguir com a eventual ofensiva. Questionado sobre a mensagem que gostaria de transmitir a Teerã, respondeu: "Não o faça! Ajudaremos Israel a se defender, e o Irã vai fracassar."

Desde quinta (11), o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, estava em contato com o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, sobre os preparativos para uma retaliação iraniana. "Se o Irã atacar de seu território, Israel vai responder e atacar o Irã", alertou o chanceler, Israel Katz.

Gallant afirmou ainda que Israel e EUA estão lado a lado frente à ameaça. "Nossos inimigos pensam que podem separar Israel e EUA, mas é justamente o contrário: estamos nos unindo e fortalecendo nossos laços", disse.

Países como EUA, Índia, França, Alemanha e Rússia alertaram seus cidadãos para evitar viagens à região. Os militares israelenses disseram que não tinham emitido novas instruções para os civis, mas que suas forças estavam em alerta máximo e preparadas para uma série de cenários.

Autoridades iranianas e diplomatas dos EUA disseram que o Irã tinha sinalizado a Washington o desejo de não provocar uma escalada. Segundo o jornal Financial Times, militares do país persa informaram a aliados e nações ocidentais que a retaliação seria feita de maneira "calibrada" para evitar um "conflito regional total".

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