Irã minimiza ataque aéreo e não dá sinais de retaliação a Israel

Oficial iraniano diz que explosões ouvidas em Isfahan foram causadas por sistema de defesa de Teerã ao abater drones

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Dubai e Jerusalém | Reuters

Explosões ecoaram em uma cidade do Irã nesta sexta-feira (19) em meio à tensão crescente do país com Israel, mas Teerã minimizou o incidente e indicou que não tem planos de retaliação ao que foi descrito por fontes como um ataque de Tel Aviv.

As décadas de conflitos entre as duas nações se tornaram diretas nos últimos dias e ameaçam arrastar a região para uma crise mais profunda. A resposta do Irã, porém, parece ter sido calculada para evitar uma guerra em toda a região, como pede a comunidade internacional desde o último sábado (13).

Homem iraniano segura pôster anti-Israel durante comício em Teerã - Majid Asgaripour/West Asia News Agency via Reuters

Naquele dia, Teerã disparou ao menos 300 drones e mísseis contra o território israelense em resposta ao bombardeio, atribuído a Israel, contra a embaixada iraniana em Damasco, na Síria, que matou membros da Guarda Revolucionária do Irã, no último dia 1º. O ataque direto a Israel foi sem precedentes, mas causou apenas danos menores, já que Tel Aviv e seus aliados derrubaram centenas de mísseis e drones.

Veículos de comunicação e autoridades iranianas disseram que as explosões são resultantes do alcance das defesas aéreas do Irã a três drones que sobrevoavam a cidade de Isfahan, na região central do país. Eles se referiram ao incidente como uma ação de "infiltrados", não de Israel, evitando a necessidade de retaliação —um alto funcionário iraniano, por exemplo, disse à agência de notícias Reuters que não há planos de respostas e que seu país não recebeu nenhum ataque externo.

Jonathan Lord, chefe do programa de segurança do Oriente Médio no Centro para uma Nova Segurança Americana, uma organização dos EUA, disse que a resposta "parece indicar que o Irã está tentando recuar, minimizar o impacto do ataque e, talvez, reduzir a escalada".

Israel não comentou o incidente após dizer por dias que planejava retaliar o Irã pelos ataques de sábado.

Aliados, incluindo os Estados Unidos, têm pressionado os dois países para garantir que qualquer retaliação futura seja pensada para não provocar uma espiral de hostilidades. Os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido e da Alemanha visitaram Jerusalém esta semana, e os países ocidentais endureceram as sanções contra o Irã para acalmar Israel.

Em um sinal de pressão dentro do governo israelense de ultradireita liderado pelo premiê Binyamin Netanyahu, Itamar Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, postou uma única palavra na rede social X após os ataques desta sexta: "fraco".

Países ao redor do mundo pediram calma.

"Diante dos relatos de ataques em 19 de abril, instamos todas as partes a trabalharem para evitar uma escalada", disseram os ministros das Relações Exteriores dos países do G7 em uma declaração conjunta ao final de uma reunião de três dias na Itália.

Em uma entrevista coletiva ao final do encontro, na ilha italiana de Capri, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, recusou-se a dar mais detalhes sobre o ataque, dizendo que Washington quer reduzir as tensões na região.

"Não vou falar sobre isso, exceto para dizer que os EUA não estiveram envolvidos em quaisquer operações ofensivas", disse o americano. "O G7 está focado (...) em reduzir as tensões para desescalar quaisquer conflitos potenciais."

A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também se manifestou. "É absolutamente necessário que a região permaneça estável e que todos os lados se abstenham de mais ações", afirmou ela. Chamadas semelhantes vieram de Pequim, Moscou e países árabes da região.

Para o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, "é hora de parar com o perigoso ciclo de retaliação no Oriente Médio". "O Secretário-Geral condena qualquer ato de retaliação e apela à comunidade internacional para trabalhar em conjunto a fim de evitar qualquer desenvolvimento adicional que possa levar a consequências devastadoras para toda a região e além", disse seu porta-voz, Stephane Dujarric, em um comunicado.

No Irã, as notícias não mencionaram Israel, e a televisão estatal exibiu analistas e comentaristas que pareciam desdenhar do ataque. Um deles disse, por exemplo, que mini drones de "infiltradores de dentro do Irã" foram derrubados pelas defesas aéreas de Teerã.

Já as autoridades israelenses se recusaram a comentar sobre os ataques.

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