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Ucrânia aprova lei que turbina mobilização militar após derrotas para Rússia

Projeto, que precisa do aval de Zelenski, restringe isenções e amplia penalidades para quem tenta burlar convocação

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São Paulo

O Parlamento da Ucrânia aprovou nesta quinta-feira (11) um projeto de lei que endurece as regras para a mobilização militar. O texto representa uma tentativa de reabastecer as tropas do país em um momento crítico para Kiev na guerra contra a Rússia —nos últimos meses, as forças invasoras conseguiram avançar ainda mais no leste ucraniano.

O projeto, que ainda precisa de aval do presidente Volodimir Zelenski, restringe isenções ao serviço militar e amplia penalidades para quem tentar burlar a convocação. O texto, impopular, recebeu críticas após os parlamentares excluírem, de última hora, um dispositivo que determinava a dispensa dos soldados que completassem 36 meses de serviço.

Soldados das Forças Armadas ucranianas participam de exercício militar na região de Kiev
Soldados das Forças Armadas ucranianas participam de exercício militar na região de Kiev - Genya Savilov - 10.abr.24/AFP

Militares ucranianos relatam que as tropas estão exauridas após o fracasso da contraofensiva lançada pelo país em meados de 2023 e dos atrasos na entrega da ajuda prometida pelas potências ocidentais. Ao mesmo tempo, os soldados tentam conter os ataques das forças russas com quantidades escassas de recursos e munições.

A necessidade de novas tropas é considerada urgente para a Ucrânia desde o ano passado, mas Zelenski vinha tratando o assunto com cautela. Nos últimos dias, diante de derrotas no front, o presidente mudou o tom, passando a defender com mais ênfase a mobilização de mais soldados.

Zelenski assinou na semana passada um projeto de lei que prevê a redução da idade do alistamento militar de 27 para 25 anos —o texto, votado havia um ano pelos deputados, aguardava a promulgação da Presidência. Já nos últimos dias, o líder pediu aos legisladores agilidade para votar o projeto que endurece as regras para a mobilização.

O texto foi aprovado com uma maioria de 283 votos, escreveu Iaroslav Jelezniak, legislador do partido Holos, no aplicativo de mensagens Telegram. Não está claro quantas pessoas poderão ser recrutadas com a nova lei, tampouco se a Ucrânia, com sua atual escassez de munição, tem a capacidade de armar um grande número de soldados sem uma nova injeção de ajuda ocidental.

As novas medidas exigem que os homens ucranianos atualizem seus dados de alistamento junto às autoridades —atualmente, os escritórios de recrutamento precisam recorrer a uma base de dados incompleta e desatualizada. O texto ainda prevê o aumento de pagamentos para aqueles que se voluntariarem e permite que alguns condenados pela Justiça se juntem ao Exército.

Cerca de 300 mil soldados ucranianos atuam hoje nas linhas de frente da guerra contra a Rússia, segundo a agência de notícias Associated Press. "Aprovem essa lei, e as Forças Armadas da Ucrânia não decepcionarão vocês nem o povo ucraniano", disse o general Iurii Sodol aos legisladores antes da votação. "Estamos mantendo nossas defesas com nossas últimas forças."

As tropas ucranianas conquistaram vitórias no primeiro ano da guerra, expulsando os invasores russos da capital e retomando territórios que haviam sido perdidos no leste e no sul.

Desde que a contraofensiva ucraniana foi interrompida no ano passado, porém, a Rússia passou a ter a iniciativa no front —as forças de Vladimir Putin tomaram em fevereiro a estratégica cidade de Avdiivka, no leste da Ucrânia, na maior vitória militar do Kremlin em quase um ano.

No domingo (7), Zelenski voltou a afirmar que seu país vai perder a guerra contra a Rússia se o Congresso dos Estados Unidos não aprovar a ajuda militar para combater as tropas de Moscou.

Um pacote de ajuda de mais de US$ 60 bilhões a Kiev está bloqueado na Câmara dos Representantes dos EUA, onde os republicanos são maioria, em meio a disputas políticas. A aprovação depende da boa vontade dos apoiadores de Donald Trump na Casa, que se recusam a examinar o texto enquanto esperam as eleições presidenciais de novembro.

A reforma foi aprovada no Parlamento no mesmo dia em que a Rússia voltou a fazer um ataque maciço contra a infraestrutura energética da Ucrânia. Segundo Zelenski, mais de 40 mísseis e 40 drones foram usados na ofensiva, que destruiu a usina termelétrica de Tripilska, a maior instalação de geração de energia da região da capital —mais de 200 mil pessoas tiveram o fornecimento interrompido

Zelenski afirmou que infraestruturas foram atacadas nas regiões de Kiev, Zaporíjia, Odessa e Lviv. "Alguns mísseis e drones foram abatidos com sucesso. Infelizmente, apenas uma parte deles", disse ele.

Citado pelas agências de notícias russas, Putin justificou o ataque como uma resposta à Ucrânia. "Infelizmente, observamos recentemente uma série de ataques nas nossas instalações de energia e fomos obrigados a responder", afirmou o presidente russo.

"Os ataques à energia estão ligados em parte à resolução de uma das tarefas que nos propusemos, que é a desmilitarização. Acreditamos acima de tudo que desta forma afetaremos o complexo industrial militar da Ucrânia e de uma forma muito direta", completou.

Com Reuters e AFP

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