Cerca de 1 milhão de pessoas já fugiram de Rafah ante ofensiva de Israel, diz ONU

Testemunhas dizem à CNN ter visto tanques israelenses em uma área central da cidade no sul de Gaza

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Dubai | Reuters

Cerca de 1 milhão de pessoas já fugiram de Rafah nas últimas três semanas, diante da ampliação das operações militares de Israel na cidade do sul da Faixa de Gaza, de acordo com informações da UNRWA, agência da ONU (Organização das Nações Unidas) para refugiados palestinos, divulgadas nesta terça-feira (28).

Também nesta terça, a rede CNN afirmou, atribuindo a testemunhas, que tanques israelenses foram vistos pela primeira vez na região central de Rafah. No último dia 7, blindados tomaram o posto de controle na fronteira com o Egito, fincando uma bandeira de Israel no local. A passagem de Rafah, porém, fica à margem da zona urbana.

Um morador da cidade, Alaa Abu Ibrahim, disse à rede americana que tanques circulavam na rotatória de Al Awda. Salma AlKadoomi afirmou que os viu na mesma área, perto do prédio Abu Hashem. "Esses veículos avançaram no meio da noite", declarou.

Por meses, Rafah foi considerado o último refúgio da guerra para mais de 1 milhão de moradores do território palestino —quase metade da população total. Os bombardeios de Tel Aviv se concentravam no norte e na área central de Gaza, poupando o sul. O cenário atual, porém, é de cerco a Rafah.

A imagem captura a agitação de uma rua movimentada, onde pessoas transitam entre barracas e veículos, com uma pilha de lixo em primeiro plano, destacando as condições desafiadoras do ambiente urbano que sofreu bombardeio.
Palestinos fogem de áreas inseguras em Rafah, ao sul da Faixa de Gaza, e chegam com seus pertences a Khan Yunis, mais ao norte, após novos ataques israelenses - Bashar Taleb - 28.mai.24/AFP

Nesta terça-feira, novo ataque a um acampamento de deslocados a oeste de Rafah matou 21 pessoas e deixou 64 feridas, de acordo com a Defesa Civil de Gaza. Israel negou a autoria em comunicado. O Exército israelense "não bombardeou a zona humanitária de Al Mawasi", afirmou a nota, em referência a região designada em maio, após o início da expedição terrestre israelense em Gaza, para apoiar os refugiados.

No domingo (26), um ataque israelense contra outro acampamento de deslocados internos em Rafah deixou pelo menos 45 mortos, afirmou o Ministério da Saúde do território palestino, ligado ao Hamas. O primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, falou em "erro trágico". O episódio causou indignação entre os palestinos e aumentou a pressão internacional para que Israel interrompa sua ofensiva.

Desde o início do mês, o Exército tem realizado o que diz ser uma operação limitada na região para matar terroristas e desmantelar infraestruturas usadas pelo Hamas. As Forças Armadas pediram aos civis que se desloquem para uma "zona humanitária expandida" a cerca de 20 km de distância. Os palestinos se queixam de estão vulneráveis a ataques israelenses onde quer que estejam.

A UNRWA afirmou que a fuga de palestinos de Rafah "aconteceu sem ter para onde irem em segurança e em meio a bombardeios, falta de comida e água, montes de lixo e condições de vida inadequadas".

Nesta terça, o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza afirmou que o número de mortos chegou a 36.096 desde o início da guerra com Israel, em 7 de outubro. Os feridos, de acordo com a pasta, totalizam 81.136.

Na última sexta-feira (24), a CIJ (Corte Internacional de Justiça), sediada em Haia, na Holanda, determinou que Israel interrompesse imediatamente sua ofensiva terrestre em Rafah em resposta a um pedido da África do Sul.

A audiência é parte de um processo que começou em dezembro do ano passado, quando o país africano acusou Israel de descumprir a Convenção Internacional contra o Genocídio em sua guerra na Faixa de Gaza.

Após o ataque de domingo que deixou 45 mortos em Rafah, os Estados Unidos reconheceram novamente que Tel Aviv tem o direito de se defender e de ir atrás de terroristas do Hamas, mas voltaram a pedir que se tomem todas as precauções para proteger civis após "imagens devastadoras".

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