China retoma 'diplomacia dos pandas' com EUA e envia 2 animais ao país

Yun Chuan e Xin Bao serão os primeiros ursos a entrar em solo americano em 21 anos

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Nova York | The New York Times

Os Estados Unidos e a China podem estar em desacordo em diversas frentes diplomáticas —a Guerra da Ucrânia, Taiwan e comércio entre elas.

Mas quando se trata de pandas, a diplomacia está de volta.

O Zoológico de San Diego será em breve lar de dois pandas gigantes da China, os primeiros a entrar nos EUA em mais de duas décadas, disseram autoridades do parque nesta quarta-feira (26).

A imagem mostra um panda sentado no chão, segurando um pedaço de bambu com uma das patas. O panda tem pelagem preta e branca característica e está cercado por vegetação verde e hastes de bambu espalhadas ao seu redor. O fundo é composto por um muro de pedras e plantas rasteiras.
Yun Chuan em uma base de pandas em Ya' an, na província de Sichuan, no sudeste da China; ele é um dos pandas gigantes que vai viver nos Estados Unidos - Xue Chen - 18.abr.24/Xinhua

Yun Chuan e Xin Bao tiveram uma cerimônia de despedida no Centro de Preservação e Pesquisa de Pandas Gigantes da China, na província de Sichuan, nesta quarta. Depois, eles seriam levados de avião para os EUA, informou o Zoológico de San Diego em comunicado.

A China empresta os ursos para zoológicos de todo o mundo há décadas. Mas, com a maioria dos pandas de Washington voltando para Pequim nos últimos anos, muitos admiradores da chamada "diplomacia dos pandas" estavam preocupados com a possibilidade de que as tensões entre as duas potências tivessem afetado a tradição.

O Zoológico de San Diego enviou seus últimos pandas de volta em 2019. Em abril passado, o de Memphis devolveu a fêmea Ya Ya.

Yun é um macho de quase 5 anos. A mãe dele é Zhen Zhen, que nasceu no Zoológico de San Diego em 2007 e depois foi devolvida para a China. A fêmea Xin, 3, nasceu na Base de Panda de Wolong Shenshuping na província de Sichuan e, de acordo com a organização chinesa, é conhecida por sua timidez, sua gentileza e seu bom humor.

Ainda levará algum tempo antes que o público possa vê-los no zoológico, uma vez que os pandas precisarão de algumas semanas para se adaptar à nova casa.

Yun e Xin serão os primeiros pandas a entrar nos EUA em 21 anos.

Não está claro quando eles aterrisarão em solo americano, mas as expectativa dos envolvidos no acordo em relação à sua capacidade de melhorar as relações entre americanos e chineses no que se refere à preservação da vida selvagem é alta.

"Nossa parceria ao longo das décadas tem servido como um poderoso exemplo de como, quando trabalhamos juntos, podemos alcançar o que antes era considerado impossível", disse a doutora Megan Owen, da Aliança pela Preservação do Zoológico de San Diego. "Temos o objetivo compartilhado de criar um futuro sustentável para os pandas gigantes."

Paul Baribault, presidente e diretor-executivo da organização, disse no comunicado da empresa que uma parceria entre sua organização e a Associação pela Preservação da Vida Selvagem da China foi "fundamental no avanço da preservação dos pandas gigantes".

"Estamos ansiosos para continuar nosso trabalho juntos para garantir a sobrevivência e prosperidade desta espécie icônica", disse Baribault.

O prefeito de San Diego, Todd Gloria, disse nas redes sociais que a parceria "ajudará a proteger essas magníficas criaturas e seu habitat".

Os americanos em breve receberão outro par de pandas —Bao Li e Qing Bao— que devem voar da China para o Zoológico Nacional Smithsonian, em Washington, até o final do ano.

Um panda está deitado em um galho de árvore, cercado por uma densa vegetação verde. O panda tem pelagem preta e branca e parece estar descansando confortavelmente no galho.
A panda Xin Bao também será enviada aos Estados Unidos como parte da diplomacia entre americanos e chineses - Xue Chen - 18.abr.24/Xinhua

Especialistas na relação entre os EUA e a China expressaram apreço pelo simbolismo dos pandas, mas observaram que muitas questões mais importantes ainda exigiam mais progresso.

Eswar Prasad, ex-chefe da divisão para a China do Fundo Monetário Internacional (FMI), expressou esperança de que a colaboração na conservação de pandas pudesse levar a mais cooperação em outras áreas, como a mudança climática.

"Um par de pandas, por mais fofos e peludos que eles sejam, por si só não farão muito para aliviar as tensões entre China e EUA", disse Prasad, que também é professor da Universidade Cornell.

"Ainda assim, é certamente um bom presságio se os dois lados puderem continuar a cooperação em questões onde têm objetivos comuns, mantendo essas separadas das questões em que têm conflitos enraizados."

Além disso, enquanto os pandas da China receberam permissão para ir para San Diego, os voos para viajantes americanos e chineses permanecem limitados.

"Fico feliz que os EUA e a China possam encontrar uma maneira de cooperar ou trocar o que quer que seja", disse Meg Rithmire, professora da Harvard Business School especializada em economia política comparada e desenvolvimento centrada em China. "Mas gostaria de ver mais vistos e visitas para humanos também."

Existem pouco mais de 1.860 pandas na natureza ao redor do mundo, de acordo com o Fundo Mundial para a Vida Selvagem. Eles vivem principalmente em florestas temperadas no sudoeste da China e se alimentam de bambu.

Os pandas precisam comer cerca de 11 kg a 38 kg de bambu diariamente, podem atingir cerca de 135 kg e chegar a 1,20 metro de altura.

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