Descrição de chapéu Bolívia

Evo diz estar mais convencido de que rebelião militar na Bolívia foi autogolpe fracassado

Ex-presidente ecoa líder da insurgência e afirma que objetivo era melhorar imagem de Arce; governo nega versão

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São Paulo

O ex-presidente da Bolívia Evo Morales afirmou neste sábado (29) que agora está ainda mais convencido de que a rebelião militar que tentou tomar o palácio presidencial nesta semana foi um autogolpe que tinha como objetivo melhorar a imagem do atual chefe do Executivo, Luis Arce.

"Lucho nos enganou, mentiu para nós, mentiu para os bolivianos e para o mundo inteiro. Se foi um golpe ou um autogolpe, há debate, [mas] estou mais convencido de que foi um autogolpe para melhorar a imagem dele ou deixar a Presidência para a junta militar", afirmou Evo, segundo o jornal local La Razón, referindo-se a Arce por seu apelido.

O ex-presidente da Bolívia Evo Morales discursa durante encontro em comemoração do 28º aniversário do MAS em Ivirgarzama, no departamento de Cochabamba - Aizar Raldes - 24.set.2023/AFP

Com as afirmações, o ex-presidente e líder do MAS (Movimento ao Socialismo) repete o general Juan José Zúñiga, acusado de liderar o golpe fracassado da última quarta-feira (26), quando militares tomaram a praça Murillo, na capital, avançaram contra a porta do palácio presidencial com um blindado do Exército e entraram no prédio.

Na ocasião, Zúñiga disse, sem apresentar evidências, que Arce teria arquitetado um autogolpe para aumentar sua popularidade. "Como disse o general, foi para melhorar a imagem dele", afirmou o ex-presidente neste sábado. "Nacional e internacionalmente, [estão] convencidos de que o alvo era Evo, [mas] ele falhou."

O general havia sido removido do cargo na terça (25) após fazer uma série de ameaças contra Evo, que tem planos de concorrer novamente nas eleições presidenciais de 2025 contra Arce, seu afilhado político e atual rival.

O governo nega essa versão. "As declarações de Zuñiga carecem de veracidade", afirmou o ministro do Governo do país, Eduardo Del Castillo, em uma entrevista à emissora de TV Unitel na última quinta (27). "Ele já estava informado sobre a perda de seu cargo. Ele havia violado a Constituição. Um militar não pode deliberar sobre política, não pode deliberar sobre temas dentro do território nacional.

A política boliviana passa por diversos sobressaltos. Em 2019, alegações de fraude na eleição daquele ano e protestos massivos forçaram Evo, então reeleito para um polêmico quarto mandato, a renunciar e buscar asilo no México. Ele retornou ao país em 2020, com a vitória de Arce, também do MAS. Nos últimos meses, no entanto, os dois têm evidenciado desentendimentos que provocaram um racha no partido.

Evo aproveitou para comparar a situação econômica atual com a de seu governo e disse que a insurgência foi para disfarçar o que considera uma má gestão de Arce à frente do país. Desde então, afirmou, não se fala da falta de combustível e dólares na Bolívia.

Também neste sábado, Zúñiga foi transferido para um presídio de segurança máxima por ordem de um juiz que impôs seis meses de prisão preventiva ao militar. Ele e outros dois militares suspeitos de liderar o levante enfrentam acusações de terrorismo e rebelião armada, pelas quais podem receber uma sentença de até 20 anos de prisão, de acordo com o Ministério Público. Outros 18 militares ativos e aposentados, além de civis, também foram detidos.

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