Descrição de chapéu Coreia do Norte

Coreia do Norte volta a enviar balões com lixo para o Sul após falar em 'guerra psicológica'

Seul estima lançamento de 310 infláveis; ação é resposta a alto-falantes com propaganda anti-Pyongyang na fronteira

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São Paulo

Prestes a completar duas semanas, a novela da troca de balões entre as duas Coreias ganhou um novo capítulo nesta segunda-feira (10), quando Pyongyang voltou a enviar centenas de infláveis com lixo para o Sul, segundo Seul.

A ação acontece um dia depois de Kim Yo-jong, influente irmã do líder norte-coreano, ameaçar o país vizinho com uma nova ação em resposta às transmissões de propaganda da Coreia do Sul em alto-falantes na fronteira —que, por sua vez, são uma retaliação ao envio de lixo por meio de balões por parte do regime da Coreia do Norte.

Balão carregando lixo é visto na costa da Coreia do Sul, perto da cidade de Incheon - 9.jun.2024/Yonhap via Reuters

Yo-jong afirmou em um comunicado desta segunda que a Coreia do Sul "sofrerá o amargo constrangimento de recolher papel usado sem descanso". "Essa será sua tarefa diária", afirmou a porta-voz do regime.

De acordo com o Exército sul-coreano, o vento prejudicou a última operação de Pyongyang. "Enviaram mais de 310 balões, mas muitos deles voaram na direção da Coreia do Norte", afirmou o comandante do Estado-Maior. Quase 50, que levavam resíduos de papel e plástico, atingiram o território sul-coreano, segundo Seul.

Os envios não cessaram durante o fim de semana. No sábado (8), a Coreia do Norte lançou cerca de 330 balões com lixo, dos quais 80 pousaram no Sul, de acordo com o Exército.

Nesta segunda, além dos infláveis, a Coreia do Norte parecia instalar seus próprios alto-falantes para propaganda na fronteira, disseram chefes do Estado-Maior sul-coreano. Seul, porém, não pretende operar os seus aparelhos nesta segunda, de acordo com os militares.

Quando enviou a primeira leva de balões com panfletos políticos, lixo e até esterco, Pyongyang afirmou que respondia a uma ação semelhante de ativistas sul-coreanos, que costumam mandar dinheiro, remédios e panfletos pela fronteira.

Na última quinta-feira (6), o Fighters For Free North Korea (Combatentes pela Coreia do Norte Livre), grupo conhecido por lançar mão dessa estratégia, desafiou Pyongyang ao enviar dez balões carregando 200 mil panfletos, 2.000 notas de um dólar e 5.000 pen drives com músicas do gênero musical k-pop e dramas coreanos.

As ações, que remontam aos primeiros anos do pós-Guerra da Coreia, foram chamadas por Yo-jong de "guerra psicológica" em um comunicado divulgado neste domingo (9) pela agência estatal de notícias norte-coreana KCNA.

As provocações, no entanto, parecem não avançar para algo mais sério. "Até o momento, não vimos nenhum movimento especial por parte do Exército norte-coreano", disse um oficial do Estado-Maior do Sul. "Mas, em qualquer caso, o Exército responderá de modo suficiente a qualquer nova contramedida."

A resposta mais contundente até agora foi a interrupção de um acordo militar entre as duas Coreias. Na semana passada, o presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, anunciou que iria suspender o texto assinado nas históricas reuniões entre os dois países em 2018. O acordo pretendia reduzir as tensões e evitar uma escalada militar entre as Coreias, em armistício desde o fim do conflito que dividiu a península, em 1953.

O pacto, porém, já estava debilitado —no ano passado, Seul o suspendeu parcialmente quando a Coreia do Norte colocou um satélite espião em órbita, ao que o regime de Kim Jong-un respondeu com completo rompimento.

A paralisação permite que a Coreia do Sul retome os exercícios de tiro e as campanhas de propaganda contra o regime do Norte, como as realizadas com alto-falantes na fronteira. A medida enfureceu Pyongyang, que alertou que Seul estava criando uma "nova crise".

Para Kim Dong-yub, professor na Universidade de Estudos da Coreia do Norte em Seul, o comunicado da irmã de Kim mostra que Pyongyang "levanta a voz para culpar a Coreia do Sul pela situação atual e, também, para justificar sua provocação". Segundo ele, a escalada poderia causar pânico na Coreia do Sul, onde a população acredita estar sob ataque biológico.

Com Reuters e AFP

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