Descrição de chapéu Estados Unidos

Em medida simbólica, EUA classificam violência armada de crise de saúde pública

Autoridade de saúde americana diz que mais de 50 mil pessoas morrem baleadas por ano no país

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São Paulo

A principal autoridade de saúde do governo dos Estados Unidos declarou nesta terça-feira (25) que a violência armada é uma crise de saúde pública no país. Vivek Murthy fez um apelo à população para que medidas sejam tomadas para interromper a forte alta de mortes por armas de fogo no país —que afetam de maneira desproporcional pessoas negras e jovens, disse ele.

Essa é a primeira vez que o governo americano toma uma medida desse tipo, que é simbólica. Murthy, que é médico, militar da Marinha e escolhido pelo presidente Joe Biden para liderar o Serviço Público de Saúde, já se pronunciou no passado sobre o impacto das redes sociais na saúde mental de jovens e disse que a "epidemia de solidão" traz tantos riscos quanto o tabagismo para a saúde pública.

Murthy é um homem de pele escura e cabelos brancos, e está falando em uma conferência de imprensa. Ele está vestindo um uniforme preto com insígnias douradas e está de pé em frente a um pódio. Atrás dele, há uma bandeira dos Estados Unidos à esquerda e um emblema oval azul com a imagem da Casa Branca à direita.
A autoridade de saúde pública dos EUA, Vivek Murthy, fala à imprensa durante entrevista coletiva na Casa Branca em 2021 - Saul Loeb - 15.jul.21

"A violência armada é uma crise de saúde pública urgente que causa perda de vidas, dor incalculável, e luto profundo em muitos americanos", disse Murthy. Ele pediu que haja mais investimento em cuidados de saúde mental para reduzir danos.

De acordo com um relatório divulgado por Murthy, mortes relacionadas a armas de fogo chegam a cerca de 50 mil por ano nos EUA —em 2022, metade delas foi causada por suicídios, seguidos de homicídios e acidentes. A título de comparação, o Atlas da Violência de 2024 estima que o Brasil tenha tido 52 mil homicídios em 2022 e que 75% foram cometidos com armas de fogo.

O documento divulgado por Murthy afirma ainda que a crise de armas no país vai além das vidas perdidas: impacta também milhões de pessoas que são baleadas e sobrevivem, testemunhas de tiroteios, e pessoas que acompanham o assunto na imprensa.

Em 2020, a violência por armas de fogo se tornou a principal causa de morte entre crianças e adolescentes nos EUA, prossegue o relatório, uma taxa 11 vezes maior do que na França, 36 vezes maior do que na Alemanha, e 121 vezes maior do que no Japão.

Também houve um aumento na quantidade de ataque a tiros no país, que atraem muita atenção mas representam uma porcentagem pequena das mortes totais por armas de fogo, disse Murthy. Desde 2020, houve mais de 600 casos do tipo por ano, segundo uma definição que define um ataque a tiros como sendo um evento no qual pelo menos quatro pessoas morrem baleadas.

Entretanto, é improvável que as recomendações sugeridas pela autoridade de saúde sejam adotadas, uma vez que elas incluem restringir o acesso a armas e proibir metralhadoras, medidas veementemente rejeitadas pelo Partido Republicano.

A sigla defende que o direito de portar armas é garantido pela Constituição americana e vem resistindo, na Câmara dos Deputados e no Senado, a qualquer mudança na lei federal —muitos estados governados por democratas já legislaram sobre o assunto e costumam ter leis mais restritivas.

Nesta terça, a NRA (Associação Nacional do Rifle), principal grupo lobista pró-armas do país, disse que o comunicado de Murthy era "parte da guerra de Biden contra portadores de armas que respeitam a lei".

Na última sexta-feira (21), a Suprema Corte dos EUA decidiu por 8 votos a 1 que uma lei que impede a posse de arma para cidadãos com ordens de restrição relacionadas a casos de agressão doméstica é constitucional.

Com Reuters

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