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Milei diz que tentativa de golpe denunciada na Bolívia foi uma farsa

Presidente da Argentina contraria onda de manifestações de líderes regionais em apoio ao governo de Luis Arce

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La Paz

O governo de Javier Milei se somou na noite deste domingo (30) à narrativa de que a tentativa de golpe fracassada na Bolívia se tratou, na verdade, de uma farsa. Em comunicado, o gabinete do presidente da Argentina disse "repudiar a falsa denúncia de golpe de Estado".

O presidente da Argentina, Javier Milei, durante discurso em instituto liberal na República Tcheca
O presidente da Argentina, Javier Milei, durante discurso em instituto liberal na República Tcheca - Michal Cizek - 24.jun.24/AFP

O líder ultraliberal vai, dessa maneira, na contramão de seus homólogos regionais que, em peso, manifestaram solidariedade ao governo do presidente Luis "Lucho" Arce, pupilo de Evo Morales que hoje está em rota de colisão com seu padrinho político.

"O relato era pouco crível, e os argumentos não se encaixavam com o contexto sócio-político" da Bolívia, disse o governo Milei. Ainda afirmou que o partido governista, o MAS (Movimento ao Socialismo) controla os poderes Judicial e Executivo e as Forças Armadas.

O argentino não cravou, no entanto, acusações de que o que chama de farsa tenha sido tramada pelo presidente Arce. Essa narrativa ganha força em La Paz, e mesmo Evo agora tem afirmado que tudo não passou de um autogolpe em busca de popularidade, o que Arce nega.

Há mais dúvidas do que certezas sobre a tentativa de golpe militar da última quarta-feira (26) liderada pelo agora ex-chefe do Exército Juan José Zúñiga. Entre outras possibilidades, o governo ventila que tenha se tratado de uma ação patrocinada por interesses externos.

Nas ruas e entre a oposição, crescem os argumentos de que se tratou de uma trama do Executivo para buscar angariar apoio da população enquanto Arce vê sua popularidade desidratar, em grande medida, devido a dificuldades econômicas.

Os que defendem esse argumento lembram que Zúñiga, um general sem destaque no Exército e muito longe de ser o primeiro de sua turma, só foi cotado para o posto de chefe do Exército porque Arce assim o quis e insistiu para nomeá-lo no final de 2022.

Também mencionam a história de múltiplos golpes de Estado na Bolívia (foram mais de 180), sempre de caráter violento.

Mas desta vez, após tentarem invadir o Palácio Quemado na praça Murillo, que concentra as sedes dos Poderes, os militares tiveram um confronto verbal com Arce e seus ministros e pouco depois os chefes foram levados detidos por policiais.

Agora desafeto de Arce, Evo tem pregado essa narrativa em diversos atos com organizações sociais e sindicatos dos quais participou neste fim de semana. Mas também figuras da oposição, como o ex-presidente Jaime Paz Zamora (1989-1993), difundem essa versão.

Nos próximos dias 7 e 8 de julho ocorre em Assunção a cúpula do Mercosul, bloco que Argentina e Bolívia integram ao lado de Brasil, Uruguai e Paraguai, sendo os bolivianos os membros mais recentes.

Poderia ser uma chance de encontro tenso entre Milei e Arce como já seria entre o argentino e o presidente Lula (PT)—, não tivesse o chefe da Casa Rosada cancelado sua ida, segundo informou o La Nacion neste domingo.

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