Descrição de chapéu Venezuela Rússia

Frota de ataque de Putin chega à Venezuela após visitar Cuba

Grupo com submarino nuclear e fragata com mísseis hipersônicos se exercita no Caribe

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São Paulo

Após visitar Cuba, uma flotilha de ataque naval da Rússia chegou nesta terça-feira (2) à Venezuela, outro país da região do Caribe aliado de Moscou e antagonista dos Estados Unidos. A ditadura de Nicolás Maduro enfrenta eleições presidenciais vistas como farsescas no próximo dia 28.

O grupo é formado por embarcações da Frota do Norte russa, baseada no Ártico, e tem considerável poder de fogo. Ele inclui o submarino de ataque com propulsão nuclear Kazan e a fragata Almirante Gorchkov, ambos capazes de operar mísseis hipersônicos Tsirkon e de cruzeiro Kalibr.

Imagem de um navio de guerra cinza com o número 454 pintado na lateral, navegando próximo a um porto. O céu está parcialmente nublado e a água está calma.
A fragata russa Almirante Gorchkov, da Frota do Norte, no porto do estado venezuelano de La Guaira - Marcos Salgado/Xinhua

Os modelos são empregados na Guerra da Ucrânia. Completam a flotilha o navio-tanque Acadêmico Pachin e o rebocador Nikolai Chiker. É o mesmo grupo que esteve em Havana de 12 a 17 de junho, após manobras simulando ataque a alvos a longa distância no Atlântico Norte.

Os navios chegaram à costa na região de La Guaira, logo ao norte da capital venezuelana, Caracas. Nesta terça, apenas a fragata e o navio-tanque aportaram. Segundo a agência de notícias RIA Novosti, não há previsão de quanto tempo a missão russa irá durar na região.

Ela está longe de ser inédita. Moscou é um dos principais aliados de Maduro, um relacionamento que já foi mais estreito, de todo modo. Durante o governo de Hugo Chávez, antecessor do atual líder, Caracas fez barulho continental ao tornar-se a principal cliente militar russa na região.

A partir de 2005, os venezuelanos equiparam suas Forças Armadas com toda sorte de arma, de rifles Kalachnikov a aviões de caça Sukhoi Su-30, passando por tanques, blindados e os temidos sistemas de defesa antiaérea S-300, os mais poderosos da América Latina.

O estado miserável da economia venezuelana, contudo, arrefeceu os negócios, que envolviam pesadamente a petroleira estatal russa Rosneft. Mesmo os armamentos, segundo especialistas, têm sua disponibilidade colocada em dúvida por problemas de manutenção e pós-venda.

Seja como for, a Venezuela sempre fez valer o peso da amizade com Vladimir Putin, que já enviou até bombardeiros supersônicos com capacidade de ataque nuclear Tupolev Tu-160 para o país caribenho. Recentemente, Maduro ensaiou uma ida a Moscou durante a crise com a Guiana, na qual decretou a anexação de parte do vizinho, mas voltou atrás.

Visitas de navios ocorrem com certa regularidade, mas há muito uma flotilha tão significativa não chegava à região —o episódio mais recente envolveu um navio-escola, em 2023. Para Moscou, é um sinal simbólico claro aos EUA acerca de sua capacidade de ainda projetar minimamente poder, embora isso seja garantido na verdade pelo seu arsenal de mísseis intercontinentais com ogivas nucleares.

Enquanto Putin se engalfinha com o Ocidente em torno da crise na Ucrânia, contudo, despachar navios de guerra capazes, particularmente o moderno submarino Kazan, para o quintal estratégico dos americanos é uma demonstração de força.

A pequena frota foi enviada após os EUA autorizarem o uso limitado de suas armas por Kiev contra território russo, piorando ainda mais o clima entre as potências nucleares.

Para Maduro, é um sinal trocado. O ditador está a menos de um mês de uma eleição presidencial na qual os opositores foram presos ou proibidos de concorrer, desta forma a presença russa é uma espécie de reafirmação do regime de que não está totalmente sozinho.

Por outro lado, ele havia afirmado na véspera que estava pronto para voltar a negociar com os Estados Unidos, visando o fim de sanções a seu setor petrolífero que foram retomadas por Washington em abril. É incerto o peso que a visita dos russos terá no processo.

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