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Nova York registra maior número de pessoas em situação de rua em 20 anos

Pesquisa realizada anualmente na cidade indica que mais de 4.100 pessoas dormem ao relento e no metrô

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Andy Newman
Nova York | The New York Times

O número de pessoas vivendo nas ruas e metrôs da cidade de Nova York atingiu seu recorde, segundo uma pesquisa anual de campo realizada em uma noite de janeiro cujo resultado foi divulgado nesta quinta-feira (13).

A pesquisa encontrou aproximadamente 4.140 pessoas vivendo sem abrigo, uma alta de 2,4% em relação aos 4.042 do ano passado e o maior número absoluto desde 2005, quando a cidade começou a realizar as pesquisas.

Spencer Platt/Getty Images/AFP
Pessoas em situação de rua recebem uma refeição em frente ao Tompkins Square Park, na cidade de Nova York - 24.jan.2024 - Getty Images via AFP

O aumento da quantidade de pessoas em situação de rua se dá ao mesmo tempo em que a cidade luta para fornecer abrigo para até 70 mil migrantes todas as noites.

À frente do departamento que supervisiona e administra os programas e serviços sociais da cidade, Molly Wasow Park afirma, no entanto, que não há evidências de que haja um "aumento sistemático no número de pessoas sem abrigo que sejam solicitantes de asilo".

Além de monitorar diariamente a situação desses migrantes, a prefeitura também intensificou seus esforços para transferir pessoas sem moradia para habitações subsidiadas. A prioridade é para lugares que contam com apoio de serviços sociais, ou quartos privados e semiprivados em abrigos mais flexíveis, em vez de em abrigos com muitas regras.

Desde que o prefeito Eric Adams assumiu o cargo em janeiro de 2022, a cidade realocou 2.000 pessoas sem abrigo para moradias permanentes, 500 delas encontradas no metrô. A oferta de camas em abrigos menos restritivos cresceu sob Adams para 4.000, e Nova York planeja abrir mais 500 vagas do tipo até o final do ano.

Apesar disso, Park diz que diminuir a quantidade de pessoas em situação de rua é difícil porque elas "foram abandonadas por todos os níveis da sociedade e do governo".

David Giffen, diretor executivo da Coalizão para os Sem-Teto afirma que, embora a coalizão aplauda o aumento de abrigos com menos regras, a disponibilidade de camas atual "não chega nem perto do número necessário". "Essas camas estão cheias todas as noites e ainda há milhares de pessoas dormindo sem abrigo na cidade", diz ele.

O número de pessoas em situação de rua é bastante distinto a depender do bairro observado. Comparada com 2023, a cifra no Queens aumentou 46%. Além disso, mais que dobrou em Staten Island, de 40 pessoas no ano passado para cerca de 100 neste ano, de acordo com uma pessoa que teve contato com os dados, mas não está autorizada a comentá-los.

Já no Brooklyn, a quantidade caiu 12%. Em Manhattan, onde estão a maioria dos sem-teto, aumentou 4%.

Críticos frequentemente questionam a confiabilidade da pesquisa, conhecida como estimativa Hope (esperança em inglês) e reproduzida em todo o país.

Em Nova York, o levantamento é realizado por um grupo que mistura voluntários e funcionários. Por decreto federal, ela acontece em uma noite no período mais frio do ano —a temperatura na noite da pesquisa de 2024 foi quase idêntica àquela de 2023.

David Giffen afirma que a estimativa Hope subestima tão drasticamente a população em situação de rua a ponto de sua realização não fazer sentido.

Outra forma de medir a quantidade de indivíduos nesse contexto, os registros das equipes de apoio que atuam nas ruas, mostra um aumento mais acentuado do que o da estimativa Hope. O número de 2024 para o trimestre que terminou em 31 de março aumentou 15% em comparação com o mesmo período em 2023 e 85% em relação a 2022, quando o atual prefeito assumiu o cargo.

Esses números podem ter crescido em parte em razão do aumento de membros dessas equipes de apoio atuando nas ruas.

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