Descrição de chapéu guerra israel-hamas

Ataque atribuído ao Hezbollah mata doze em campo de futebol nas colinas de Golã, diz Israel

Grupo libanês nega autoria de ação que teria deixado crianças entre as vítimas; episódio aumenta tensões na região

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Doze pessoas, incluindo crianças, foram mortas em um ataque com foguete neste sábado (27) que atingiu um campo de futebol nas colinas de Golã, área da Síria ocupada por Israel, disseram autoridades israelenses —que prometeram retaliar.

Trata-se de um dos incidentes mais letais nas escaramuças entre Tel Aviv e grupos armados da região desde o início da guerra atual contra o Hamas na Faixa de Gaza. De acordo com o Exército israelense, o foguete foi disparado durante uma investida feita pelo grupo extremista Hezbollah em um campo no vilarejo de Majdal Shams. A facção nega a autoria do atentado.

TOPSHOT - Israeli security forces and medics transport casualties from a site where a reported strike from Lebanon fell in Majdal Shams village in the Israeli-annexed Golan area on July 27, 2024. Israel's emergency medical service Magen David Adom said at least nine people were killed and 34 wounded including 17 in critical condition, after a rocket fired from Lebanon had hit the town of Majdal Shams in the Israeli-annexed Golan Heights. (Photo by Jalaa MAREY / AFP)
Forças Armadas israelenses transportam vítimas de um ataque contra um vilarejo nas Colinas de Golã que matou pelo menos dez pessoas - Jalaa Marey - 27.jul.24/AFP

"Nós testemunhamos uma grande destruição quando chegamos ao campo de futebol. Havia vítimas na grama e a cena era horrenda", disse Idan Avshalom, médico do Magen David Adom, o serviço nacional de emergência de Israel. Segundo o órgão, ao menos 30 pessoas ficaram feridas.

"Eles estavam jogando futebol, ouviram sirenes e correram para o abrigo... levaria só 15 segundos para chegar até o abrigo, mas não deu tempo, porque o foguete os atingiu antes", disse uma testemunha à agência de notícias Reuters.

O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu disse que o Hezbollah "pagará um preço pesado que não teve que pagar até aqui", de acordo com uma nota divulgada pelo governo israelense.

Netanyahu, que está nos Estados Unidos em viagem diplomática, afirmou que vai antecipar sua volta e se reunir com seus ministros. O chefe da pasta das Finanças, o extremista Bezalel Smotrich, disse que "todo o Líbano deve pagar" pela morte de crianças, e pediu uma retaliação dura.

Nos EUA, o premiê se encontrou com o candidato do Partido Republicano à Casa Branca, Donald Trump. No sábado, Trump disse que o ataque em Golã foi terrível e que não teria acontecido caso ele fosse presidente —o republicano costuma dizer o mesmo sobre o 7 de outubro, que serviu de estopim para o conflito em Gaza.

"O ataque do Hezbollah hoje cruzou todas as linhas, e a resposta será decidida de acordo. Estamos nos aproximando do momento de guerra total contra o Hezbollah e o Líbano", disse o chanceler de Tel Aviv, Israel Katz.

A milícia libanesa, por sua vez, afirmou que não teve nada a ver com o ataque e negou "acusações falsas em sentido contrário". Mais cedo, o grupo anunciou que realizou ataques contra posições militares de Israel em outros locais. O governo do Líbano condenou o ataque e pediu pelo fim das hostilidades.

Uma testemunha disse à agência de notícias Reuters que o foguete caiu em um local com várias crianças e que havia restos mortais no campo de futebol. As vítimas não haviam sido identificadas até a tarde deste sábado.

"De acordo com uma avaliação situacional feita pela inteligência, o lançamento de foguete em direção a Majdal Shams foi feito pela organização terrorista Hezbollah", afirmaram as forças israelenses em nota.

Os EUA disseram à imprensa americana que estão "extremamente preocupados" com o ataque, dizendo que ele poderia desencadear um conflito amplo entre Israel e o Líbano.

Mais tarde, um porta-voz da Casa Branca afirmou que o governo Joe Biden segue trabalhando diplomaticamente para que isso não aconteça, mas que o apoio de Washington a Tel Aviv é "absolutamente sólido contra todos os grupos terroristas apoiados pelo Irã, incluindo o Hezbollah".

Teerã financia milícias da região, como o grupo libanês e os houthis do Iêmen, além do grupo terrorista Hamas, que matou 1.200 israelenses em 7 de outubro. Em resposta, Tel Aviv já matou mais de 39 mil palestinos na Faixa de Gaza desde então, reduzindo boa parte do território a ruínas e criando uma grave crise humanitária.

Dos grupos armados apoiados pelo Irã, o Hezbollah é o mais poderoso, com mais experiência e poderio bélico que o Hamas. Especialistas temem que uma guerra total entre Israel e a milícia libanesa poderia replicar em maior escala a destruição e a morte de civis que hoje acontece em Gaza —o Líbano tem mais de 5 milhões de habitantes.

O ataque deste sábado ocorreu um dia após o general Ori Gordin, chefe do Exército israelense no norte do país, afirmar que as tropas estavam "preparando a transição para a ofensiva" contra o Hezbollah. "Nós já eliminamos mais de 500 terroristas no Líbano, a grande maioria deles pertencentes ao Hezbollah", disse ele na sexta (26).

O conflito entre Israel e o grupo islâmico xiita se intensificou desde o ataque terrorista do Hamas no dia 7 de outubro, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza.

As colinas de Golã são uma área controlada por Israel após a Guerra dos Seis Dias, em 1967. O território pertencia à Síria, que reivindica sua devolução, e a anexação não é reconhecida pela comunidade internacional.

Mais de 40 mil pessoas vivem na região —metade são drusos, uma minoria etnorreligiosa que vive principalmente na Síria, no Líbano e em Israel. O ataque contra o campo de futebol deste sábado acontece depois que um bombardeio israelense matou quatro membros de grupos armados libaneses, entre eles o Hezbollah.

Com Reuters

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