Descrição de chapéu oriente médio

Israel vai dobrar número de habitantes nas colinas de Golã, anuncia governo

Medida deve apertar controle de Tel Aviv sobre território na fronteira com a Síria anexado após a Guerra dos Seis Dias

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Jerusalém | Reuters

O governo de Israel aprovou neste domingo (26) um plano para dobrar em cinco anos o número de habitantes judeus nas colinas de Golã, território na fronteira com a Síria que Tel Aviv capturou e anexou após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, manobra que não conta com reconhecimento da comunidade internacional.

O premiê Naftali Bennett, ao comentar a medida, citou o apoio ao reconhecimento da soberania israelense sobre a região dado pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e celebrou o fato do atual chefe da Casa Branca, Joe Biden, não ter revertido a decisão.

Tanques de Israel nas colinas de Golã, território anexado por Tel Aviv após a Guerra dos Seis Dias - Jalaa Marey - 7.dez.21/AFP

Cerca de 25 mil colonos israelenses vivem nas colinas de Golã ao lado de outros 23 mil drusos, uma minoria árabe que permaneceu nas terras após elas serem tomadas por Israel. O plano aprovado neste domingo prevê a construção de 7.300 novas casas em Katzrin, principal assentamento judeu, em um período máximo de cinco anos.

Em fevereiro, pouco após Biden tomar posse da Presidência, o secretário de Estado, Antony Blinken, disse à rede americana CNN que o controle sobre a região continua sendo de vital importância para a segurança de Israel devido à presença de grupos e milícias apoiados pelo Irã na Síria, governada pelo ditador Bashar al-Assad. "Caso a situação mude, podemos olhar para as questões jurídicas, mas não estamos nem perto disso", acrescentou.

De acordo com o jornal The Jerusalem Post, o plano irá custar 1 bilhão de NIS (R$ 1,8 bilhão) para os cofres públicos. Dois novos bairros serão construídos em Katzrin, bem como duas novas cidades, que serão chamadas de Asif e Matar, além de sistemas de transporte e de saúde.

O assentamento israelense nas colinas de Golã tem escala muito menor do que na Cisjordânia ocupada ou em Jerusalém Oriental, áreas também capturadas na Guerra de Seis Dias e reivindicadas pelos palestinos.

Israel insiste na ocupação do território ao afirmar que a cordilheira é essencial para a segurança do país, especialmente devido à guerra civil na Síria e ao aumento da pressão militar do Irã contra Tel Aviv.

"Após cerca de dez anos da terrível guerra na Síria, toda pessoa bem informada entende que é preferível ter a presença israelense do que a outra alternativa", disse o premiê Bennett após o anúncio.

Iniciada em março de 2011, a guerra civil na Síria já deixou mais de 400 mil mortos e 6,6 milhões de refugiados. O conflito fragmentou o país, abriu espaço para o fortalecimento de facções extremistas e aprofundou a instabilidade no Oriente Médio.

Quando as colinas de Golã foram ocupadas, em 1967, mais de 130 mil sírios fugiram da região. Desde então, nunca puderam retornar, e cerca de 340 vilarejos e fazendas que existiam no local foram destruídos.

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