Atentado a Trump domina redes sociais da China com elogios ao republicano

Hashtags citando o Republicano atingiram milhões de visualizações; leia edição da newsletter China, terra do meio

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Igor Patrick
Washington

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O atentado contra Donald Trump durante um comício na Pensilvânia, no sábado (13), dominou o fim de semana nas redes sociais chinesas e gerou centenas de milhões de visualizações. As duas hashtags que tiveram maior engajamento no mês até agora no Weibo, versão local do X (ex-Twitter), são relacionadas ao tema. Os números:

  • #特朗普称右耳被子弹击穿 (Trump diz que orelha direita foi atingida por bala) chegou a 900 milhões de visualizações;
  • #DonaldTrumpBaleado (#特朗普遭遇枪击) acumulava até o fechamento desta edição mais de 700 milhões de visualizações.
Imagem do ex-presidente Donald Trump no comício em que ele foi alvo de um atentado a tiros. A imagem mostra o que parece ser uma bala no ar próxima à cabeça de Trump.
Imagem do ex-presidente Donald Trump no comício em que ele foi alvo de um atentado a tiros. A imagem mostra o que parece ser uma bala no ar, próxima à cabeça de Trump - Doug Mills/New York Times

O incidente deu origem a todo tipo de teoria, com postagens que defendem que o crime foi encomendado e outras que sequer acreditam na veracidade do ataque.

Mas houve quem aproveitou para prever os impactos na eleição do EUA. O consenso geral foi de que o ex-presidente dos EUA aumentou as chances de ser eleito em novembro.

"Se Trump chegar ao poder, pelo menos o mundo não estará no caos e haverá menos guerras. Além disso, a força de Trump é a economia, e a sua política externa é flexível", dizia um post popular no Weibo.

Fora das redes, as imagens do atentado fazem sucesso. Camisetas com a foto de Trump com o braço erguido e orelha sangrando pipocaram no Taobao (versão doméstica do AliExpress) e JD.com, vendidas por aproximadamente ¥ 39 (R$ 30).

Por que importa: enquanto foi presidente, Trump fez relativo sucesso nas redes sociais da China pelo seu jeito imprevisível e cômico. Agora, há uma parcela significativa dos chineses (sobretudo os mais jovens) crentes de que a vitória republicana significaria uma chance de melhora no diálogo com Pequim.

Trump pode ter feito vários comentários racistas sobre os chineses ao longo da trajetória política, mas Biden tornou a competição estrutural. Embora mais polido no linguajar, o democrata apoiou sanções, baniu a exportação de semicondutores de última geração e mostrou-se muito mais habilidoso em atrair aliados em uma aliança anti-China. Os comentários pós-atentado parecem solidificar esta percepção.


pare para ver

Reprodução

Meme com a foto de Evan Vucci pós-atentado diz 'Proletários do mundo, uni-vos', um lema comunista.


o que também importa

★ O premiê da Nova Zelândia, Christopher Luxon, disse que vai divulgar mais os casos de espionagem chinesa para "aumentar a conscientização" acerca das ameaças à segurança nacional. Luxon disse que as agências de segurança do chamado "Five Eyes" —grupo composto pelos neozelandeses em conjunto com EUA, Reino Unido, Austrália e Canadá— querem aumentar a transparência sobre o tema. Ele também criticou Pequim pelas "ações agressivas" no mar do Sul da China nos últimos meses e disse que é preciso preservar a liberdade de navegação em águas internacionais.

★ Exercícios conjuntos entre as forças navais chinesa e russa começaram no porto de Guangdong e devem ir até o fim deste mês. Segundo a imprensa estatal, os navios vão realizar treinamentos nas áreas de busca e resgate, exercícios aéreos, coordenação tática e defesa estacionária conjunta. Pequim enviou um destróier, duas fragatas e um navio de suprimentos, além de helicópteros e fuzileiros navais, enquanto o lado russo participa com duas corvetas e um petroleiro. O Ministério da Defesa chinês disse que a operação não está relacionada a situações internacionais e regionais e não tem como alvo terceiros. A cooperação acontece em meio a rusgas diplomáticas entre os chineses e a OTAN. Na semana passada, membros do bloco acusaram Pequim de facilitar a invasão russa na Ucrânia, o que a China nega.

★ A China anunciou na quarta (10) que iniciou investigações sobre práticas comerciais da União Europeia, após o bloco confirmar que está analisando subsídios irregulares chineses a empresas de mobilidade e energia verde. O Ministério do Comércio disse que investigará "barreiras comerciais e de investimento" nas práticas adotadas pela UE. Motivada por uma queixa da câmara nacional de comércio de importação e exportação de máquinas e eletrônicos, a investigação examinará produtos como locomotivas ferroviárias, painéis fotovoltaicos, energia eólica e equipamentos de inspeção de segurança. O procedimento deve se estender até janeiro de 2025 e pode ser mantido por mais três meses em "circunstâncias especiais".

fique de olho

A economia chinesa cresceu 4,7% no segundo trimestre de 2024, aquém das expectativas do mercado, que previa 5,3%. Segundo o Financial Times, a prolongada desaceleração no setor imobiliário e dos preços ao consumidor, praticamente estacionados em junho (inflação de 0,2%), influenciaram o resultado.
Vários bancos reduziram a previsão de crescimento anual para o país.

  • Goldman Sachs, JPMorgan e Oxford Economics agora estimam PIB de 4,9%, 4,7% e 4,8%, respectivamente, todos abaixo dos 5% definidos como meta pelo Partido Comunista.

Por que importa: não restam dúvidas de que a economia enfrenta desaceleração e fraca demanda. Os resultados reportados, porém, não são um completo desastre. As exportações cresceram 8,6% no mês passado, e o investimento em ativos fixos tiveram alta de 3,9%. Não há sinais de uma recessão, mas sim de crescimento abaixo do registrado nos últimos anos.


para ir a fundo

O BRICS Research Institute da Universidade de Fudan abriu chamada para a conferência de pesquisadores do grupo que acontece em Xangai em setembro. Entre os temas aceitos estão artigos nas áreas de diplomacia pública, governança corporativa, mudanças climáticas, etc. Inscrições até 31 de julho neste link. (gratuito, em inglês)

Esta é a última semana para quem quiser se inscrever para o 8º Seminário Pesquisar China Contemporânea que será organizado por pesquisadores da Unicamp entre os dias 1 e 4 de outubro. O evento será híbrido e aberto a alunos, pesquisadores, professores e à comunidade em geral. Informações aqui. (gratuito, em português)

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