'Divertido', 'duas crianças brigando' e 'caótico'; como China repercutiu Biden x Trump

Debate dos EUA foi alvo de comentários nas redes sociais e publicações na mídia local chinesa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Igor Patrick
Washington

Esta é a edição da newsletter China, terra do meio desta terça-feira (2). Quer recebê-la toda semana no seu email? Inscreva-se abaixo:

Assunto obrigatório no Ocidente, o debate de Joe Biden e Donald Trump na semana passada também chamou a atenção na China. Oficiais governamentais e meios de comunicação repercutiram o que disseram os dois candidatos, sobretudo nos comentários sobre a relação Washington-Pequim.

Famoso pelos arroubos nacionalistas no X (ex-Twitter), o ex-editor do tabloide estatal Global Times Hu Xijin classificou o evento como "muito divertido para os chineses" devido aos "ataques pessoais, memória confusa e zombarias mútuas" entre os políticos.

"A performance de baixa qualidade desses dois velhos foi uma propaganda negativa para a democracia ocidental", escreveu Hu ao postar um vídeo que trazia uma edição jocosa do debate.

Na imprensa, o tom não foi muito distinto. O Cailianshe, portal sediado em Pequim, destacou o "ritmo caótico" que dominou toda a discussão: "um tem Alzheimer e o outro é doente mental". A Beijing Review escreveu que Biden expôs sua "habitual confusão", enquanto Trump ocupou-se em "espalhar mentiras". O China Daily comparou o evento a "duas crianças brigando".

Trechos do encontro entre o republicano e o democrata também viralizaram nas redes sociais, com um tópico sobre o assunto alcançando 6,7 milhões de visualizações no Douyin (a versão local do TikTok).

Por que importa: ao contrário de 2020, quando a China claramente preferia uma vitória de Donald Trump, agora Pequim demonstra pouco interesse em escolher favoritos.

  • A reeleição de Biden significa a chancela a uma política bem mais agressiva e competente na tarefa de conter o crescimento chinês;
  • Trump é considerado imprevisível e os efeitos de seu retorno podem ser desastrosos para a economia do país asiático.

Pare para ver

Reprodução

Caricatura do artista e ativista sino-australiano Badiucao faz piada com o debate entre Joe Biden e Donald Trump.


O que também importa

★ O jogador chinês de badminton Zhang Zhijie faleceu aos 17 anos após colapsar durante o Campeonato Asiático Juvenil na Indonésia. O incidente ocorreu no domingo (30), no momento em que ele disputava uma partida. O atleta foi imediatamente atendido por equipes médicas e levado a dois hospitais, onde foi diagnosticada parada cardíaca súbita. A Associação Chinesa de Badminton expressou condolências e apoio à família de Zhang, destacou seu amor pelo esporte. As causas do mal súbito ainda não estão esclarecidas.

★ Um teste de um foguete da empresa chinesa Space Pioneer resultou em falha catastrófica e explosão no domingo, em Gongyi, Henan. O estágio do Tianlong-3, com nove motores, decolou durante o teste estático, sem os grampos de retenção adequados, e caiu após cerca de 50 segundos, explodindo. Não houve vítimas reportadas, e a empresa culpou uma falha estrutural. O incidente pode atrasar o lançamento orbital planejado do Tianlong-3, desenvolvido para competir com a SpaceX no setor de foguetes reutilizáveis.

★ Uma estudante chinesa de 17 anos surpreendeu ao derrotar a inteligência artificial e estudantes de universidades renomadas, como MIT, Stanford e Princeton, em uma competição global de matemática. O evento foi organizado pela Alibaba. Jiang Ping, única participante de uma escola vocacional (similar a escolas técnicas do Brasil), terminou em 12º na rodada qualificatória da competição e garantiu uma vaga entre os 801 finalistas. A qualificação viralizou no Weibo — a hashtag sobre a jovem alcançou 17 milhões de visualizações na rede social, que funciona de forma similar ao X. A competição aborda matemática aplicada, probabilidade e álgebra. Três vencedores serão anunciados em agosto, com prêmios de até US$ 30.000 (cerca de R$170 mil).


Fique de olho

O Banco Central da China anunciou que vai começar a tomar empréstimos em títulos do tesouro de alguns negociadores de mercado para "manter a estabilidade do mercado de títulos".

A decisão tem como objetivo ajustar a liquidez do mercado e melhorar a curva de rendimento da China, seguindo diretrizes do presidente Xi Jinping.

É uma resposta à queda dos rendimentos chineses que vêm pressionando o yuan.

Por que importa: como destacou o South China Morning Post, a decisão ocorre em meio à emissão de títulos do tesouro ultralongos para financiar os projetos de construção do país, em lotes com prazos de 30 e 50 anos.

Economistas ouvidos pela publicação disseram esperar que o movimento ajude a frear o fluxo de capital que deixa o país em busca de títulos mais rentáveis.


Para ir a fundo

  • A Observa China lança na próxima segunda (8) o boletim "Cultura de Negócios Chinesa: Estratégias para Empreendedores", que pretende ser um guia de estratégias para quem quer compreender e integrar-se no mercado chinês. O evento acontece online, participantes receberão certificado e as inscrições podem ser feitas aqui. (gratuito, em português)
  • Seguem abertas as inscrições para o 8º Seminário Pesquisar China Contemporânea que será organizado por pesquisadores da Unicamp entre os dias 1 e 4 de outubro. O evento será híbrido e aberto a alunos, pesquisadores, professores e à comunidade em geral. As inscrições e submissões de trabalhos vão até o dia 18 de julho. Informações aqui. (gratuito, em português)
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.