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G7 condena Israel por avanço sobre Cisjordânia ocupada em meio à guerra

Em paralelo, EUA anunciam sanções contra postos avançados na região; ultradireita no poder de Tel Aviv é a favor de assentamentos

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Roma | AFP e Reuters

Chanceleres dos países-membros do G7 —grupo que reúne algumas das sete maiores economias do mundo— divulgaram nesta quinta-feira (11) uma nota condenando o avanço de Israel sobre a Cisjordânia ocupada, algo "contraproducente para a causa da paz" nas palavras da entidade.

Palestinos observam enquanto equipamentos de Israel, protegidos pelas forças do Estado judeu, demolem casa palestina perto de Hebron, na Cisjordânia ocupada - Mussa Qawasma/Reuters

Em paralelo a isso, um dos países-membros do grupo, os Estados Unidos, anunciaram sanções contra elementos que, em sua visão, aumentam a instabilidade na região.

Entre os alvos das punições estão quatro postos avançados na área. Segundo o Departamento de Estado, eles têm sido usados por colonos especificamente para atacar palestinos, incluindo criadores de gado, que têm tido seu acesso a regiões de pastagem impedido.

Israel anunciou em junho que legalizaria cinco postos avançados, estabeleceria três novos assentamentos e se apropriaria de grandes extensões de terra na Cisjordânia ocupada.

Segundo a ONG Peace Now, que monitora a expansão israelense na região, este foi o ano em que Tel Aviv mais avançou sobre a área. Os assentamentos são considerados ilegais ou ilegítimos pela maior parte da comunidade internacional.

Segundo os Acordos de Oslo, assinados em 1993, os israelenses deveriam se limitar a administrar partes da Cisjordânia enquanto o Estado da Palestina era construído. Outras porções, menores, ficariam a cargo da Autoridade Nacional Palestina (ANP).

Quando o Estado palestino enfim fosse criado, assim, Tel Aviv deveria ceder totalmente a Cisjordânia, que ocupa desde os anos 1960, à ANP. Mas à medida que o tempo passou e a ideia de uma Palestina independente não se concretizou, Israel continuou a permitir a construção de novos assentamentos.

O governo atual, liderado pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, encoraja essas ocupações. O radical Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, pasta encarregada do tema, já defendeu inclusive a anexação permanente da Cisjordânia por Israel.

Hoje, mais de 500 mil colonos de Israel vivem nesses locais. Já os habitantes palestinos na área somam cerca de 2,7 milhões.

A disputa na Cisjordânia agrava ainda mais as tensões entre Israel e o grupo terrorista Hamas na guerra em andamento na Faixa de Gaza, iniciada quando terroristas da facção invadiram comunidades no sul de Israel, na fronteira com o território palestino, em 7 de outubro passado, matando 1.195 pessoas e sequestrando outras 251. Para os palestinos, a expansão dos assentamentos é um dos principais obstáculos a uma paz duradoura.

A divulgação do comunicado do G7 ocorreu no mesmo dia em que foram retomadas negociações sobre um cessar-fogo na faixa. As conversas ocorrem em Doha, no Qatar —país que abriga líderes do braço político do Hamas e que, junto com os Estados Unidos e o Egito, media as tentativas de trégua.

Netanyahu declarou que uma das condições de Tel Aviv para chegar a um acordo com a facção seria a manutenção do controle de duas áreas na fronteira de Gaza com o Egito, a passagem de Rafah e o chamado corredor Philadelphi.

A primeira, localizada na cidade de mesmo nome no sul da faixa palestina, é o único acesso à Gaza que não faz fronteira com Israel. Bloqueada desde maio, quando teve início o cerco do Estado judeu a Rafah, a passagem representou em vários momentos do conflito a única via de entrada e saída de Gaza para trabalhadores humanitários e para os que tentavam fugir a outros países.

Também é por onde a maior parte dos alimentos, suprimentos médicos e combustíveis entram em Gaza, mesmo depois que outras passagens foram abertas. A maioria das organizações de ajuda internacionais que atendem o território palestino está baseada em Rafah.

Já o corredor Philadelphi é uma faixa de cerca de cem metros de largura que se estende por 14 quilômetros ao longo da fronteira entre Gaza e Egito. Segundo Bibi, a área é usada pelo Hamas para contrabandear armas.

O porta-voz do Exército, Daniel Hagari, disse algo similar sobre o local quando as tropas israelenses o conquistaram, também em maio. "O corredor Philadelphi era um balão de oxigênio para o Hamas", afirmou ele na ocasião.

Netanyahu não especificou se a medida seria permanente. O Hamas exige que o Exército israelense deixe ambas as áreas para alcançar uma trégua.

Enquanto isso, os ataques seguem na faixa —onde já teriam morrido 38.345 palestinos, segundo as contas do Ministério de Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Autoridades do território afirmaram ter encontrado dezenas de corpos em Shujaiya, bairro no leste da Cidade de Gaza, nesta quinta, depois que as tropas israelenses sinalizaram o fim de uma ofensiva no local iniciada duas semanas atrás, no último dia 27.

As batalhas continuam em outros lugares da cidade, no entanto, como na sede da UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, no centro; em Tel al-Hawa, no sul; e em Sabra, no oeste.

Os confrontos têm obrigado dezenas de milhares de pessoas a fugir. Mohamad Nairi, um morador de Shujaiya, afirmou à agência de notícias AFP que a destruição que testemunhou ao voltar ao bairro, onde segundo as autoridades locais 85% dos edifícios são inabitáveis, supera possibilidades de descrição.

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