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Veja como são as atas que estão no centro da crise eleitoral na Venezuela

Documentos que buscam garantir lisura em pleitos não foram divulgados por regime de Nicolás Maduro apesar de pressão internacional

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São Paulo

A Venezuela mergulhou em uma nova crise depois que o seu ditador, Nicolás Maduro, foi declarado vencedor das eleições presidenciais, realizadas no último domingo (28).

Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao chavismo, o líder do regime teria obtido 51,2% votos, enquanto o opositor Edmundo González teria apoio de 44,2%.

 Li Muzi - 28.jul.2024/Xinhua
Ditador Nicolás Maduro durante votação

Horas após a divulgação do resultado, a capital, Caracas, e diversas outras cidades pelo país foram tomadas por manifestantes que contestavam o resultado do pleito, em atos duramente reprimidos pelas forças de segurança.

No centro dessa crise estão as atas que registram o resultado do pleito em cada seção eleitoral do país. Quando a votação termina, cada uma delas é enviada de forma eletrônica para o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) —órgão responsável por supervisionar as eleições.

Além disso, as atas servem para ajudar a garantir a lisura do processo eleitoral. Testemunhas dos partidos e funcionários eleitorais cruzam as informações dos documentos com comprovantes de voto que trazem o nome do candidato escolhido pelos eleitores. O objetivo é conferir se o número total de votos computados e a quantidade de votos para cada candidato são correspondentes.

Embora a publicação das atas seja parte do rito eleitoral, Maduro não divulgou os documentos. Sua justificativa é um suposto ataque hacker ao sistema do CNE.

Em paralelo, a principal coalizão opositora diz que teve acesso a 73% das atas e que elas dão vitória a Edmundo González. Há ainda levantamentos diferentes, feitos com base em amostragens, que também apontam vitória do opositor.

Diante da contestação dos resultados, a comunidade internacional vem aumentando a pressão para que Maduro divulgue as atas.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por exemplo, exigiu a divulgação completa, imediata e detalhada dos dados da votação por seção eleitoral. Diversos outros governos pediram o mesmo, incluindo o do brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tem laços históricos com o chavismo.

O Carter Center, principal organização internacional a acompanhar as eleições na Venezuela, também solicitou que as autoridades publiquem os documentos com urgência. Segundo a entidade, que em relatório divulgado na madrugada desta quarta (31) concluiu que o pleito não pode ser considerado democrático, "a informação das atas transmitidas ao CNE é indispensável para nossa avaliação [sobre o processo eleitoral] e é fundamental para o povo venezuelano".

"O fato de a autoridade eleitoral local não ter anunciado resultados desagregados por mesa de votação constitui uma grave violação dos princípios eleitorais", disse a organização americana, foi convidada pelo Conselho Nacional Eleitoral para acompanhar as eleições, em relatório.

O instituto pôs a lisura do processo eleitoral em xeque argumentando que o pleito ocorreu em um ambiente de restrição de liberdades contra atores políticos, organizações da sociedade civil e meios de comunicação. Além disso, o prazo para os 21 milhões de eleitores se registrarem para votar foi considerado curto. Houve poucos lugares para inscrição e mínima campanha de divulgação, o que pode desestimular a ida às urnas.

A entidade afirma ainda que a inscrição de candidatos de partidos políticos opositores foi dificultada. A principal líder opositora, María Corina Machado, foi inabilitada para cargos públicos por 15 anos, motivo pelo qual decidiu apoiar a candidatura de Edmundo González.

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