Descrição de chapéu Eleições na Venezuela

Acadêmicos divulgam carta de apoio a levantamento que contesta vitória de Maduro

Documento busca mobilizar comunidade internacional a incentivar transição pacífica e democrática na Venezuela

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São Paulo

Um grupo de quase 20 acadêmicos e pesquisadores especializados no estudo das democracias e da integridade eleitoral assinou uma carta em apoio ao sistema de apuração paralela AltaVista —que apontou a vitória do candidato de oposição Edmundo González na eleição presidencial da Venezuela em um levantamento baseado em amostragem— e a outras pesquisas independentes sobre a votação.

A imagem mostra duas pessoas de costas, levantando as mãos unidas em um evento público. Ao fundo, uma multidão animada, com pessoas segurando bandeiras e usando chapéus amarelos e verdes. A atmosfera é de celebração e apoio.
O candidato de oposição Edmundo González (à dir.) e a líder da oposição venezuelana Maria Corina Machado cumprimentam estudantes durante um comício de campanha na Universidade Central da Venezuela, em Caracas - Gabriela Oraa - 14.jul.24/AFP

O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) proclamou a reeleição de Nicolás Maduro na madrugada do dia seguinte à votação. Segundo o órgão, com 80% das urnas apuradas, o ditador tinha vencido com 52% dos votos, contra 43% de González —a entidade confirmou o resultado na semana passada, já com 97% das cédulas apuradas.

O resultado é, porém, considerado fraudulento pela oposição e por alguns países como os Estados Unidos, que reconheceram a vitória do opositor ao regime.

O estudo da AltaVista desmente o resultado apresentado pelo CNE. Aponta, em vez disso, que González obteve mais de 66% dos votos, e Maduro, 31%.

O trabalho, conduzido por pesquisadores da Universidade de Michigan (EUA) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e de uma instituição da Venezuela cujo nome foi mantido em sigilo, foi feito a partir da análise de quase mil atas de votação recolhidas por voluntários no dia da eleição.

A carta divulgada pelo grupo de acadêmicos nesta quarta tem como objetivo mobilizar a comunidade internacional a apoiar o povo da Venezuela e promover uma transição pacífica e democrática.

Ela é assinada por nomes como os americanos Francis Fukuyama, que cunhou a ideia de que o término da Guerra Fria representaria "o fim da história", e Steven Levitsky, coautor de "Como as Democracias Morrem", além dos brasileiros Maria Hermínia e Matias Spektor e de muitos outros.

"Como acadêmicos dedicados ao estudo da democracia e da integridade eleitoral, estamos profundamente preocupados com as implicações [da crise atual] para o futuro da Venezuela e com a violência generalizada e a repressão após as eleições", afirma o documento.

"Condenamos a resposta brutal das forças de segurança, que resultou em inúmeras mortes e centenas de prisões. Exigimos total transparência e responsabilidade na contagem dos votos."

O texto ainda lembra que a maioria dos países da América Latina condenou a falta de transparência do regime de Maduro e cobram a divulgação dos dados da votação de modo que possam ser checados de forma independente. Cinco países da região inclusive reconheceram a vitória de González.

A carta dos acadêmicos pode ser lida e assinada por outros apoiadores neste link.

Quem assina a carta

  1. Alberto Diaz-Cayeros

    pesquisador sênior do Centro para a Democracia, o Desenvolvimento e o Estado de Direito, da Universidade Stanford (EUA)

  2. Beatriz Magaloni

    professora de ciência política da Universidade Stanford (EUA)

  3. Cristóbal Rovira Kaltwasser

    professor da Pontifícia Universidade Católica do Chile

  4. Francis Fukuyama

    diretor do programa de mestrado em relações internacionais da Universidade Stanford (EUA)

  5. Jennifer Cyr

    professora e diretora da pós-graduação em ciência política da Universidad Torcuato Di Tella (Argentina)

  6. Julieta Suarez-Cao

    professora de política da Pontifícia Universidade Católica do Chile

  7. Kati Marton

    ex-diretora e atual integrante do conselho do Comitê de Proteção a Jornalistas

  8. Kenneth Roberts

    professor de sistemas de governo na Universidade Cornell (EUA)

  9. Larry Diamond

    pesquisador sênior da Instituição Hoover, think tank ligado à Universidade Stanford (EUA)

  10. Laura Gamboa

    professora da Universidade Notre Dame (EUA)

  11. Maria Hermínia Tavares

    professora emérita de ciência política da USP, a Universidade de São Paulo (Brasil)

  12. Maria Victoria Murillo

    diretora do Instituto para Estudos Latino-Americanos e professora de ciência política e relações internacionais na Universidade Columbia (EUA)

  13. Matias Spektor

    professor de política e de relações internacionais da Fundação Getulio Vargas (Brasil)

  14. Michael Albertus

    professor da Universidade de Chicago (EUA)

  15. Pedro Telles

    professor-adjunto da Fundação Getulio Vargas (Brasil) e pesquisador sênior na London School of Economics (Reino Unido)

  16. Simon Cheng Man-kit

    ativista honconguês e ex-analista de comércio e investimento do Consulado-Geral do Reino Unido em Hong Kong

  17. Steven Levitsky

    professor de sistemas de governo e diretor do Centro David Rockefeller para Estudos Latino-Americanos da Universidade Harvard (EUA)

  18. Susan Stokes

    professora de ciência política da Universidade de Chicago (EUA)

  19. Tulia Falleti

    professora de ciência política da Universidade da Pensilvânia (EUA)

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