EUA ameaçam Irã com submarino nuclear e reforço naval

Washington tenta ao menos evitar que ataque de Irã a Israel vire uma guerra aberta

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São Paulo

Os Estados Unidos decidiram flexionar sua musculatura militar para tentar evitar ou ao menos conter a intensidade de um ataque do Irã a Israel, algo considerado iminente.

O Departamento de Defesa anunciou o envio de um submarino nuclear de ataque para a região, além de acelerar o reforço naval com um grupo de porta-aviões.

Silhueta de um submarino cinza-escuro em um mar cinzento. Ao fundo, um navio
Submarino americano USS Florida, igual ao que será enviado ao Oriente Médio, ruma à região pelo canal de Suez - Elliot Schaudt - 8.abr.2023 - Marinha dos EUA/Reuters

O secretário Lloyd Austin conversou na noite de domingo com o ministro israelense Yoav Gallant (Defesa). Segundo os relatos vazados à imprensa, o americano recebeu informações de que o ataque iraniano em estudo será de grandes proporções e pode ocorrer a qualquer momento.

A ação está sendo anunciada por Teerã há duas semanas, desde que um ataque atribuído a Israel matou o líder do grupo terrorista palestino Hamas na capital do Irã. Ismail Haniyeh participava da posse do novo presidente iraniano.

Horas antes, o principal comandante de campo da milícia libanesa Hezbollah foi morto em um bombardeio assumido por Tel Aviv na capital do Líbano, Beirute. Ambos os grupos são aliados do Irã no chamado Eixo da Resistência, uma amálgama de entes regionais contrários a Israel e os EUA no Oriente Médio.

Desde então, há grande debate acerca da natureza da retaliação iraniana. Com o regime em um momento de fraqueza política, tendo visto eleito um nome favorável a acomodações com o Ocidente e sob intensa pressão social doméstica, não se sabe se o país optará por tentar galvanizar apoio doméstico arriscando uma guerra regional.

Quando decidiu atacar diretamente Israel pela primeira vez na história, em abril, o Irã lançou centenas de foguetes e drones, mas a grande maioria foi abatida não só pelas defesas locais, mas também por aliados como EUA, Reino Unido e Jordânia. Outros países árabes, como o reino saudita e os Emirados, já disseram que não vão permitir violação de seus espaços aéreos agora.

Isso coloca qualquer ação iraniana sob o risco adicional de ser um fracasso. E abrir a possibilidade de uma tréplica de Tel Aviv mais dura, provavelmente contra as instalações de seu programa nuclear, o mais valioso ativo da teocracia. Em abril, a retaliação israelense foi apenas sinalizar que o centro das atividades, Isfahan, estava ao alcance de suas armas.

A participação dos prepostos do Irã também é incerta na escala. O Hezbollah já anunciou que vingará a morte de Fuad Shukr, seu chefe operacional, de qualquer jeito. E os rebeldes houthis do Iêmen, que há meses travam o comércio mundial no mar Vermelho em apoio ao Hamas, disseram que vão participar de qualquer ação.

A tensão decorre da guerra entre o grupo palestino e Israel, iniciada após o ataque terrorista que deixou mais de 1.200 mortos no Estado judeu em outubro passado. De lá para cá, morreram quase 40 mil pessoas na Faixa de Gaza, segundo o Hamas. Uma grande operação está sendo montada contra Khan Yunis, a segunda maior cidade da região.

Com o reforço naval, os EUA repetem a fórmula que deu certo em dissuadir o Irã e seus aliados no começo da guerra. Lá, também anunciou publicamente o envio de um submarino da classe Ohio, a mais poderosa da Marinha americana, para a região.

Agora, novamente envia uma embarcação do tipo, convertida de lançador de mísseis estratégicos nucleares para modelos convencionais de cruzeiro. O USS Georgia foi comissionado em 1984, e em 2008 trocou as ogivas nucleares dos mísseis Trident por até 154 Tomahawk, que podem sozinhos fazer um ataque devastador.

O submarino é 1 dos 4 convertidos do tipo, com propulsão nuclear, pelos EUA. A função de qualquer submersível é ser invisível até a hora do ataque, então o anúncio é mais um manifesto político.

Austin também pediu que seja acelerado o envio do grupo de porta-aviões centrado no USS Abraham Lincoln, que deixou Guam, no Pacífico, na quinta (8). Em tese, o navio e sua escolta de três destróieres deve chegar ao Oriente Médio em cerca de duas semanas, mas isso pode ser apressado.

Seu envio havia sido anunciado na semana passada para substituir o grupo do porta-aviões USS Theodore Roosevelt, que opera na região para combater ataques houthis a navios mercantes desde o dia 11 de junho. Resta saber se isso vai de fato acontecer ou se os dois grupos vão operar na região, como ocorreu no ano passado.

Além disso, os EUA enviaram mais caças e baterias antiaéreas para suas bases na região. Perto da costa mediterrânea do Oriente Médio há também três navios anfíbios com cerca de 4.000 fuzileiros navais, prontos para ação.

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