Um ataque aéreo de Israel matou nesta sexta-feira (9), no sul do Líbano, um dos líderes do grupo terrorista palestino Hamas, contra o qual Tel Aviv está em guerra na Faixa de Gaza. O bombardeio aconteceu próximo à cidade portuária de Sidon e teve como alvo Samer al-Hajj, que trabalhava no campo de refugiados palestinos Ain al-Hilweh.
A morte de al-Hajj, que foi atingido em um carro, acontece em um momento de tensões ainda mais acirradas no Oriente Médio. No último dia 31, uma ofensiva atribuída a Israel em Teerã, a capital do Irã, matou o chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh, e o país persa prometeu retaliação contra Tel Aviv —desde então, o Estado judeu vem se preparando para um ataque cuja natureza pode definir se haverá uma escalada em direção a uma guerra generalizada.
Em abril, depois que um ataque israelense matou um militar iraniano na embaixada do país na Síria, Teerã fez a maior ofensiva contra Israel em anos, disparando foguetes e drones, mas a forma telegrafada da ação permitiu que a maioria deles fosse interceptada e não causasse danos ou mortes. Caso o Irã escolha agir de forma mais assertiva desta vez, a resposta israelense poderia gerar uma reação em cadeia imprevisível, afirmam analistas.
Além da destruição e mortes causadas em Gaza, que teve como estopim o ataque terrorista de 7 de outubro, Israel vem bombardeando o Líbano há meses, mirando posições da milícia libanesa Hezbollah e integrantes do Hamas que se encontram naquele país. O Hezbollah retalia com foguetes, drones e disparos de artilharia contra o norte de Israel.
A maior parte dos combates acontece na fronteira entre os dois países, mas Israel vem fazendo mais ataques no coração do território libanês para eliminar líderes do Hamas e do Hezbollah. Um bombardeio nos arredores da capital, Beirute, matou no dia 2 de janeiro o comandante do grupo palestino Saleh Aruori, enquanto outro ataque, no último dia 30, vitimou o chefe militar do Hezbollah, Fuad Shukr.
A morte de Shukr ocorreu horas antes do assassinato de Haniyeh em Teerã. O líder do Hamas foi morto depois que uma bomba plantada havia meses em uma casa segura do regime iraniano foi detonada, de acordo com o jornal americano The New York Times. O incidente foi entendido como um vexame para as forças de segurança do Irã, e o aiatolá Ali Khamenei ordenou um ataque contra Israel que ainda não foi realizado.
Nessa sexta, um líder da Guarda Revolucionária do Irã disse à imprensa local que o país está preparado para "punir fortemente" Israel. "As ordens do líder supremo em relação à vingança pelo sangue do mártir Ismail Haniyeh foram claras e explícitas, e serão implementadas da melhor forma possível", disse Ali Fadavi.
Questionado nesta sexta sobre as declarações de Fadavi, o porta-voz da Casa Branca John Kirby disse que os Estados Unidos estão preparados para defender Israel, e que têm uma série de recursos na região para fazê-lo. "Quando ouvimos retórica como esta, precisamos levar a sério", afirmou.
Washington deve entregar em breve a Israel US$ 3,5 bilhões, ou cerca de R$ 19 bilhões, em armas e equipamento militar, de acordo com uma reportagem da emissora CNN. O dinheiro foi aprovado pelo Congresso americano em abril —na ocasião, o valor disponibilizado pelos EUA para o aliado foi de US$ 14 bilhões, o que significa que outros US$ 10,5 bilhões ainda serão entregues a Tel Aviv.
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