Maduro determina bloqueio da rede social X por 10 dias na Venezuela

Ditador acusa Elon Musk, dono da plataforma, de incitação ao ódio, fascismo e ataque ao sistema eleitoral

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Caracas | AFP

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, determinou nesta quinta-feira (8) o bloqueio por dez dias da rede social X em seu país. A medida foi anunciada depois de o líder acusar Elon Musk, o proprietário da plataforma, de incitação ao ódio e ao fascismo e de coordenar ataques cibernéticos contra o sistema eleitoral venezuelano.

"Assinei um memorando com a proposta feita pela Conatel [agência reguladora do setor de comunicações da Venezuela] para retirar a rede social X, antes conhecida como Twitter, por dez dias de circulação", disse Maduro durante um ato no Palácio de Miraflores, em Caracas.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, discursa a apoiadores durante comício em Caracas dias depois das eleições presidenciais - Pedro Rances Mattey - 3.ago.24/AFP

Mais de dez dias depois das eleições presidenciais, Maduro enfrenta acusações de fraude por parte da oposição e de organizações internacionais, que apontam derrota do ditador no pleito, e um crescente isolamento diplomático, com as principais economias da América Latina se recusando a reconhecer sua proclamação de vitória.

O Brasil, junto do México e da Colômbia, insiste na divulgação oficial das atas eleitorais que comprovariam o resultado anunciado pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) —de que Maduro venceu o pleito com 52% dos votos, contra 43% que teriam sido obtidos pelo ex-diplomata Edmundo González. Os três países também rejeitaram, nesta quinta, a iniciativa de Maduro de buscar referendar a eleição no Tribunal Supremo de Justiça do país, um órgão controlado pelo regime.

A oposição divulgou o que diz ser as atas às quais teve acesso. Esses documentos apontam vitória de González, que teria marcado 67% dos votos, contra 30% de Maduro. Organizações como o Carter Center, único observador internacional do pleito, dizem que as atas publicadas pela aliança antichavista muito provavelmente são verdadeiras.

O anúncio do bloqueio do X é mais uma medida tomada desde a eleição para combater o que Maduro chama de um golpe de Estado em curso. Na última segunda-feira (5), o ditador já havia dito que o WhatsApp faria parte dessa ação, e o desinstalou de seu celular em frente a apoiadores.

"Vou romper relações com WhatsApp. Estão usando o WhatsApp para ameaçar a Venezuela. Então eu vou eliminá-lo do meu telefone para sempre." Maduro disse que iria passar seus contatos ao Telegram e WeChat, aplicativos de mensagens sediados nos Emirados Árabes Unidos e na China, respectivamente, e recomendou que seus apoiadores fizessem o mesmo. "Diga não ao WhatsApp! Fora da Venezuela!"

"WhatsApp entregou a lista [de usuários] da Venezuela aos terroristas", afirmou o ditador durante um programa de televisão, sem apresentar provas. "Estão atacando o governo, a família militar da Venezuela e a Polícia Nacional Bolivariana. Estão atacando a institucionalidade do país. Todos os cinco Poderes estão sob ataque do WhatsApp."

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