O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, determinou nesta quinta-feira (8) o bloqueio por dez dias da rede social X em seu país. A medida foi anunciada depois de o líder acusar Elon Musk, o proprietário da plataforma, de incitação ao ódio e ao fascismo e de coordenar ataques cibernéticos contra o sistema eleitoral venezuelano.
"Assinei um memorando com a proposta feita pela Conatel [agência reguladora do setor de comunicações da Venezuela] para retirar a rede social X, antes conhecida como Twitter, por dez dias de circulação", disse Maduro durante um ato no Palácio de Miraflores, em Caracas.
Mais de dez dias depois das eleições presidenciais, Maduro enfrenta acusações de fraude por parte da oposição e de organizações internacionais, que apontam derrota do ditador no pleito, e um crescente isolamento diplomático, com as principais economias da América Latina se recusando a reconhecer sua proclamação de vitória.
O Brasil, junto do México e da Colômbia, insiste na divulgação oficial das atas eleitorais que comprovariam o resultado anunciado pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) —de que Maduro venceu o pleito com 52% dos votos, contra 43% que teriam sido obtidos pelo ex-diplomata Edmundo González. Os três países também rejeitaram, nesta quinta, a iniciativa de Maduro de buscar referendar a eleição no Tribunal Supremo de Justiça do país, um órgão controlado pelo regime.
A oposição divulgou o que diz ser as atas às quais teve acesso. Esses documentos apontam vitória de González, que teria marcado 67% dos votos, contra 30% de Maduro. Organizações como o Carter Center, único observador internacional do pleito, dizem que as atas publicadas pela aliança antichavista muito provavelmente são verdadeiras.
O anúncio do bloqueio do X é mais uma medida tomada desde a eleição para combater o que Maduro chama de um golpe de Estado em curso. Na última segunda-feira (5), o ditador já havia dito que o WhatsApp faria parte dessa ação, e o desinstalou de seu celular em frente a apoiadores.
"Vou romper relações com WhatsApp. Estão usando o WhatsApp para ameaçar a Venezuela. Então eu vou eliminá-lo do meu telefone para sempre." Maduro disse que iria passar seus contatos ao Telegram e WeChat, aplicativos de mensagens sediados nos Emirados Árabes Unidos e na China, respectivamente, e recomendou que seus apoiadores fizessem o mesmo. "Diga não ao WhatsApp! Fora da Venezuela!"
"WhatsApp entregou a lista [de usuários] da Venezuela aos terroristas", afirmou o ditador durante um programa de televisão, sem apresentar provas. "Estão atacando o governo, a família militar da Venezuela e a Polícia Nacional Bolivariana. Estão atacando a institucionalidade do país. Todos os cinco Poderes estão sob ataque do WhatsApp."
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