Descrição de chapéu Eleições na Venezuela

'Posso ser capturada enquanto escrevo', diz María Corina em artigo em jornal dos EUA

Ao The Wall Street Journal líder da oposição venezuelana afirma que ela e a equipe estão escondidas no momento; política cobra apoio da comunidade internacional contra Maduro

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Washington

Em artigo publicado no jornal americano The Wall Street Journal, a líder opositora venezuelana María Corina Machado afirma que teme ser alvo da repressão do ditador Nicolás Maduro após as contestadas eleições no último domingo (28).

"A maior parte de nossa equipe está escondida e, após sete missões diplomáticas serem expulsas da Venezuela, meus assessores na Embaixada da Argentina estão sendo protegidos pelo governo do Brasil. Posso ser capturada enquanto escrevo estas palavras", escreve.

A imagem mostra um grupo de pessoas em uma manifestação. No centro, uma mulher de blusa branca está falando ao microfone, levantando o braço. Ao seu lado, um homem de camisa azul também levanta o braço. Outros participantes estão aplaudindo e segurando bandeiras. O ambiente parece ser festivo e de apoio, com várias pessoas visíveis ao fundo.
María Corina Machado e o candidato opositor Edmundo González acenam a simpatizantes em manifestação em Caracas na última terça (30) - Yuri Cortez/30.jul.24/AFP

"Ele [Maduro] perdeu de forma esmagadora para Edmundo González, por 67% a 30%. Sei que isso é verdade porque posso provar. Tenho recibos obtidos diretamente de mais de 80% das seções eleitorais do país."

A venezuelana diz que já sabia que o regime trapacearia na eleição e elenca uma série de ações tomadas contra sua participação política, desde ter tido a sua candidatura barrada até a prisão de colegas e o asilo obtido por seus assessores junto à Embaixada da Argentina em Caracas.

"O regime nunca poderia imaginar que nosso movimento cresceria em número e lentamente tomaria toda a base de votação do chavismo. Os pobres e a população rural que impulsionaram a ascensão meteórica de Hugo Chávez agora estão desiludidos e assumiram o controle de seu futuro", afirma.

Apesar de Maduro ter se declarado vitorioso, ela afirma que o ditador foi derrotado nos 24 estados venezuelanos, segundo apontariam quatro contagens rápidas, duas pesquisas de boca de urna independentes e comprovantes de votação.

O CNE (Conselho Nacional Eleitoral), órgão responsável pelas eleições e controlado pelo chavismo, declarou Maduro vencedor com 51% dos votos contra 44% de González, mas ainda não apresentou os documentos que comprovariam esses números.

"Na manhã de segunda-feira, tínhamos reunido quase metade desses comprovantes. Na tarde de segunda-feira, tínhamos o suficiente para confirmar matematicamente a nossa vitória. No dia seguinte, eles foram disponibilizados em um site para o mundo ver. A prova dessa fraude descarada foi fornecida a chefes de Estado em todo o mundo", diz María Corina.

A opositora acusa o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela de ter tirado seu próprio site do ar sob a justificativa de que teria sofrido um ataque cibernético da Macedônia do Norte.

"Após essa farsa, protestos espontâneos eclodiram, especialmente nos setores pobres de Caracas e outras cidades. Maduro respondeu com brutal repressão. As forças de segurança do estado mataram pelo menos 20 venezuelanos, prenderam mais de mil e forçaram 11 desaparecimentos", diz ela.

María Corina encerra o artigo fazendo um apelo para que a comunidade internacional decida "se tolera um governo manifestamente ilegítimo". "Apelo àqueles que rejeitam o autoritarismo e apoiam a democracia que se juntem ao povo venezuelano em nossa nobre causa. Não descansaremos até que sejamos livres."

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