Descrição de chapéu Eleições na Venezuela

Regime da Venezuela intima González pela 3ª vez e pode pedir prisão do opositor

Candidato da oposição ignorou 2 últimas convocações da ditadura e não é visto em público desde o último dia 30

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Caracas | Reuters

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, afirmou nesta quarta-feira (28) que voltará a convocar Edmundo González a prestar depoimento, emitindo sua terceira convocação contra o líder.

Se, como nas duas vezes anteriores, o opositor decidir não comparecer a esta audiência, ele pode ser alvo de um mandado de prisão. O procurador-geral acrescentou que, se a ordem não for cumprida, o Ministério Público responderá à altura.

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, ouve perguntas de jornalistas em Caracas - Leonardo Fernandez Viloria/Reuters

González —que concorreu contra o ditador, Nicolás Maduro, nas eleições presidenciais do mês passado depois que a líder da coalizão opositora, María Corina Machado, foi proibida de disputar o pleito— foi intimado pela primeira vez na última sexta (23).

O ex-diplomata é acusado de fraude de documentos, associação criminosa, conspiração, delitos informáticos e instigação à desobediência das leis. Os crimes se relacionam à publicação e manutenção de um site que reúne atas da votação e que vem sendo usado pela oposição para comprovar sua vitória.

Segundo esse site, González venceu a eleição com mais de 7,3 milhões de votos (67%), contra 3,3 milhões de Maduro (30%). Uma série de órgãos internacionais independentes afirmou que as atas divulgadas ali são verdadeiras, e alguns países chegaram a reconhecer o opositor como legítimo presidente eleito da Venezuela em razão desses boletins.

Mas o regime, que até o momento não divulgou as atas oficiais a despeito da pressão internacional, afirma que os documentos exibidos no site da oposição são falsos, e declara Maduro o vencedor da disputa, com 52% dos votos contra 43% de González.

Caracas anunciou a reeleição do líder chavista na madrugada do dia seguinte às eleições, 29 de julho, quando, segundo a ditadura, apenas 80% das urnas tinham sido apuradas —o órgão eleitoral venezuelano atribuiu a demora na contagem dos votos a supostos ataques hackers contra seu sistema de informática.

Depois, em 2 de agosto, o mesmo órgão confirmou a vitória de Maduro.

A segunda intimação contra González ocorreu na segunda-feira (26). Antes, no início de agosto, ele já tinha se recusado a comparecer a uma audiência do TSJ (Tribunal Supremo Justiça).

Tanto ele quanto María Corina ainda são alvos de uma investigação do Ministério Público por suspeitas de instigação à insurreição e outros crimes.

No último domingo, González chamou o procurador-geral de "acusador político". "O Ministério Público pretende me submeter a uma entrevista sem esclarecer em que condição se espera que eu compareça (acusado, testemunha ou perito segundo a lei venezuelana) e qualificando crimes não cometidos", disse.

O opositor não aparece em público desde 30 de julho, quando participou de uma manifestação contra o regime. Desde então, vem limitando sua atuação às redes sociais por temor de represálias.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.