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Cidade de fake news repetida por Trump em debate recebe ameaça de bomba

Prefeitura de Springfield, em Ohio, esvazia sede após intimidação de suposto morador frustrado com imigração haitiana

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Springfield (EUA) | Reuters

Alvo de uma fake news repetida por Donald Trump durante o debate presidencial nesta semana, a cidade de Springfield, em Ohio, teve sua prefeitura esvaziada nesta quinta-feira (12) devido a uma ameaça de bomba.

Vários carros de polícia estavam estacionados em frente à sede administrativa do município. O prefeito, Rob Rue, afirmou que a ameaça supostamente foi feita por um morador da cidade que se disse frustrado com a imigração.

Carro da polícia estacionado em frente à sede da prefeitura de Springfield, em Ohio - Julio-Cesar Chavez/Reuters

Springfield passou a ocupar o centro do debate sobre o tema nos Estados Unidos desde o embate de Trump com Kamala Harris, realizado na terça-feira (10).

Quase um quarto da população da cidade tem origem no Haiti —cerca de 15 mil cidadãos do país centro-americano se mudaram para o município, que hoje tem 62 mil habitantes, nos últimos anos.

Durante o debate, Trump repetiu uma fake news que vinha circulando entre conservadores, de que membros da comunidade de migrantes local estavam roubando animais de estimação para comê-los de tanta fome.

Autoridades de Springfield negam ter recebido relatos do tipo. Os haitianos na cidade estão nos EUA legalmente, e têm autorização para trabalhar.

Apesar disso, e embora por um dos mediadores do debate tenha intervindo para esclarecer que a informação enunciada pelo ex-presidente era falsa, o boato continua a circular, reforçando estereótipos preconceituosos em relação aos migrantes.

Um dos responsáveis por popularizar a fake news foi o candidato a vice de Trump, J.D. Vance. Nesta quinta, ele —que é natural do estado de Ohio— voltou a dizer que os haitianos estavam impedindo os habitantes de Springfield de viver bem. "Os custos de moradia são altos, doenças contagiosas estão aumentando", disse ele à emissora CNBC.

Apesar de a presença dos haitianos ter sobrecarregado escolas e serviços de saúde locais, entre outros, ela também ajudou a impulsionar a economia local, fazendo os salários aumentarem, por exemplo.

Um estudo de 2021 do Instituto Cato, de viés liberal, afirmou que os haitianos tinham mais chances de serem empregados do que os americanos nascidos no país na cidade.

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