Descrição de chapéu Papua-Nova Guiné

Papa Francisco ganha cocar de penas e pede 'fim da violência no Edén' na Papua-Nova Guiné

Pontífice segue para o Timor Leste, país com alto índice de escândalos de pedofilia na Igreja, em sua mais longa viagem à Ásia e Oceania

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Vanimo (Papua-Nova Guiné) | AFP

O papa Francisco visitou neste domingo (8) comunidade remota no meio da selva em Papua-Nova Guiné, onde pediu o fim da violência, da "superstição e da magia", que prejudicam um lugar que comparou ao Éden.

Vestido com o tradicional cocar de penas de ave do paraíso, apesar do intenso calor tropical, ele descreveu "o grandioso espetáculo de uma natureza transbordante de vida, que evoca a imagem do Éden".

O pontífice, de 87 anos, está em uma turnê de 12 dias pelo sudeste asiático e Oceania, a mais longa de seu papado, para promover o diálogo inter-religioso e levar sua mensagem a lugares mais remotos.

A imagem mostra uma jovem de pele escura, vestindo uma camiseta branca e uma saia colorida, cumprimentando o Papa Francisco, que está usando um chapéu decorado com penas. O Papa está sentado em uma cadeira, sorrindo e estendendo a mão para a jovem. Ao fundo, há uma pessoa de terno e um cenário com tendas brancas.
O papa Francisco usa cocar tradicional, interagindo com jovem durante encontro com fiéis católicos da diocese de Vanimo em frente à Catedral da Santa Cruz em Vanimo, em Papua-Nova Guiné - Handout/Vatican Media/AFP

Francisco pousou em Vanimo, uma cidade costeira localizada alguns graus ao sul do Equador. Papua-Nova Guiné está ao norte da Austrália.

Francisco foi recebido como convidado de honra por membros da tribo local, que interpretaram uma dança tradicional vestidos com adereços de penas, pulseiras de conchas e folhas, e o corpo coberto por ornamentos de pintura.

O papa agradeceu às milhares de pessoas reunidas, algumas das quais caminharam ou navegaram por dias para comparecer ao encontro e elogiou os "sorrisos contagiantes" e a "alegria transbordante" das crianças.

O papa Francisco, sentado em uma cadeira de rodas e usando vestes brancas, é saudado por uma mulher que se aproxima para cumprimentá-lo. Ao fundo, há várias pessoas, incluindo um homem e uma mulher com roupas religiosas, além de uma mulher usando um hábito. O cenário é ao ar livre, com árvores e o mar visível ao fundo.
O papa Francisco cumprimenta mulher durante encontro com missionários na Escola de Humanidades da Santíssima Trindade durante visita em Baro, Papua-Nova Guiné - Tiziana Fabi/AFP

Mas também descreveu o lugar como um paraíso turbulento e pediu para "vencer as divisões pessoais, familiares e tribais", bem como "expulsar do coração das pessoas o medo, a superstição e a magia".

Estes e outros males, disse, "aprisionam e tornam infelizes tantos irmãos e irmãs, também aqui".

Mais de 90% dos 12 milhões de habitantes de Papua-Nova Guiné se declaram cristãos, e cerca de um quarto são católicos.

Mas a religião coexiste com uma panóplia de crenças, costumes e rituais locais, alguns dos quais desencadeiam um fervor sangrento.

Algumas áreas de Papua-Nova Guiné sofrem violência tribal ligada a crenças profundamente enraizadas sobre a existência da bruxaria.

Nas aldeias, multidões acuam sistematicamente aqueles que são falsamente acusados de magia negra, geralmente mulheres, e os matam em horríveis calvários.

Pesquisadores australianos estimam que esse tipo de violência causou cerca de 3.000 mortes nos últimos 20 anos.

O papa instou os fiéis a enfrentar esses surtos de violência e a reconstruir a imagem de sua nação.

Façam "famosa Papua-Nova Guiné não apenas por sua variedade de flora e fauna, suas encantadoras praias e seu mar cristalino, mas também e sobretudo pelas pessoas boas que lá se encontram", insistiu o jesuíta argentino.

Muitos papuanos esperam que a visita do papa possa transformar sua nação. Francisco celebrou anteriormente uma missa ao ar livre para 35.000 pessoas na capital, Port Moresby.

Margaret Clive, uma vendedora ambulante, afirmou que muitas pessoas haviam reclamado da chegada do papa e perguntado o que ele traria.

O papa encerrará sua visita a Papua-Nova Guiné na segunda-feira com um discurso em um estádio, antes de voar para Timor Leste, que se tornou independente em 2002 após mais de quatro séculos de colonização portuguesa e 25 anos de ocupação indonésia.

Neste país do sudeste asiático, de maioria católica, ele terá que enfrentar os escândalos de pedofilia dentro da Igreja, em grande parte ignorados pelos líderes da independência deste país de maioria católica.

No centro deste doloroso tema está o caso do monsenhor Carlos Belo, um dos heróis da independência do país e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1996, acusado de abusos sexuais contra crianças durante duas décadas e sancionado em segredo pelo Vaticano em 2020.

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