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Irã aumentou atividade nuclear apesar de sanções, diz agência da ONU
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A produção total iraniana de urânio de baixo enriquecimento subiu cerca de 15% desde maio, chegando a 2,8 toneladas, revelou nesta segunda-feira um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O crescimento acontece apesar da nova rodada de sanções aprovada em junho pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e sanções unilaterais de vários países.
O relatório confidencial também afirma que a AIEA segue preocupada com a possível intenção do Irã de desenvolver uma bomba atômica. Até meados de agosto, o país já tinha 22 quilos de urânio altamente enriquecido, provavelmente para um reator de investigação.
"Estima-se que entre 09 de janeiro de 2010 e 20 de agosto de 2010 (...) 22 quilos de UF6, urânio enriquecido a 20%, foram produzidos em sua planta piloto em Natanz", afirma a AIEA.
Até agora, o Irã só enriquecera urânio em Natanz até 5%. O enriquecimento a cerca de 20% só começou no início de fevereiro, com o objetivo alegado de usá-lo como combustível para produção de energia elétrica e uso em isótopos médicos. Para produção de bombas, é necessário urânio enriquecido a 90% --algo que o Irã não teria condições da fazer, segundo analistas.
A agência da ONU afirma ainda que o Irã impede a investigação da agência sobre o uso de seu urânio e nega o acesso a suas instalações nucleares.
No último dia 9 de junho, o Conselho de Segurança aprovou uma quarta rodada de sanções ao Irã por manter enriquecimento de urânio em seu território, o que viola resolução anterior do Conselho. A resolução estabelece novas restrições às operações dos bancos iranianos, enquanto aumenta a apuração das transações das entidades financeiras do país no exterior. Além disso, endurece o embargo de armas ao Irã e sanciona 40 entidades do país e reforça o regime de inspeções a navios e aviões iranianos.
Grande parte da comunidade internacional, com EUA e Israel à frente, acusa o Irã de ocultar, sob seu programa nuclear civil, outro programa, de natureza clandestina e aplicações bélicas, cujo objetivo seria a aquisição de armamento atômico.
Além de não terem conseguido convencer o Irã a desistir de seu programa nuclear, as três rodadas de sanções da ONU impostas ao país já tiveram efeitos adversos para o Ocidente, como estimular o mercado negro e beneficiar os líderes iranianos devido à irritação da opinião pública. Segundo o "think tank" americano Council on Foreign Relations, o espectro limitado das atuais sanções e a recusa de aliados de restringir negócios com Teerã impedem que sejam sentidos efeitos graves na economia do país.
Mesmo Moscou e Pequim (principal parceiro econômico do Irã) mantêm negócios importantes com o país, inclusive em áreas sensíveis como energia e defesa. Quanto a restrições de viagens impostas a militares e funcionários do programa nuclear, o impacto é pequeno porque, segundo analistas, essas pessoas já saíam pouco do país.
Outro problema é que os iranianos acabam aprendendo a burlar as regras, alimentando redes de mercado negro por todo o mundo. Em 2009, por exemplo, foi revelado um esquema para a compra de peças de aeronaves. Uma empresa de aviação holandesa admitiu ter canalizado ilegalmente peças de aviões americanas para o Irã de 2005 a 2007. Há também processos contra contrabando de peças através de Colômbia, Malásia, Cingapura, Irlanda e Hong Kong.
Outro problema é que muitas vezes restrições têm maior probabilidade de fazer aumentar os preços de produtos estrangeiros proibidos do que impedir que eles cheguem ao Irã. E sanções financeiras também foram burladas.
Em janeiro de 2009, o banco Lloyds TSB (Londres) pagou US$ 350 milhões em multas após ocultar o envolvimento de entidades de países que incluem o Irã em transferências com bancos dos EUA, durante 12 anos. Em 2006, os reguladores multaram o banco holandês ABN Amro por negócios semelhantes.
Ainda assim, algumas consequências importantes derivam das sanções. Em Teerã, são comuns cortes de energia devido à falta de geradores elétricos, que estão na lista de bens proibidos por causa de seu potencial uso militar, por exemplo.
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