Esqueça Édith Piaf e Françoise Hardy e lembre que o mundo é vasto, infinito. Quem já se acostumou com o salão impecável do La Casserole, o mais clássico dos restaurantes franceses de São Paulo, plantado há décadas no largo do Arouche, talvez não imagine que atrás de uma porta lá no fundo está uma sala escura de onde saem drinques que combinam mais com o jazz, o funk e o soul.
É como pegar um velho Concorde e atravessar o Atlântico a jato, de Paris a alguma alcova descolada de Manhattan. Estamos falando, afinal, de mais um speakeasy, como eram chamados os bares secretos e clandestinos da época da Lei Seca nos Estados Unidos, que por aqui não tem nada de secreto nem clandestino, até porque o grau de sofisticação dos melhores coquetéis da casa exige muito mais que álcool puro traficado em galões por gângsteres de cara feia.
Nada ali, aliás, é feio, talvez só um pouco extravagante. As paredes espelhadas do Infini são rasgadas por fios de luzes que mudam de cor a noite toda e se multiplicam ao infinito, daí o nome do bar, em miragens vermelho cor de sangue, azul-marinho profundo, verde radiante, um âmbar mais relax.
Os drinques, ousados, complementam as cores. Dos mais amargos à base de uísque aos mais cítricos, com uma variedade de cachaças, a viagem etílica segue as variações luminosas, dos tons quentes mais acolhedores aos néons vibrantes que nos levam para uma pista de dança futurista, embora os movimentos ali se resumam mais a esticar o braço e fazer um selfie na penumbra.
O pendor futurista marcou também a carta de drinques, elaborada por Leo Henry com a ajuda da inteligência artificial. Os robôs ajudaram a pensar em combinações como um drinque à base de tequila com uma guarnição de presunto cru, ou mesmo outro que vem com cubos de gelo com luzinhas coloridas e flores comestíveis. Vale embarcar na viagem.
INFINI
Lgo. do Arouche, 346, República, região central, @inifini.bar
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