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Pacote americano

Após hesitações de Trump, EUA adotarão megaplano de amparo a famílias e empresas

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O presidente americano, Donald Trump, em entrevista sobre a crise do coronavírus - Mandel Ngan/AFP

Avança, no Congresso dos Estados Unidos, um monumental pacote de gastos públicos no esforço da guerra, à falta de melhor expressão, contra a epidemia de Covid-19.

O texto final do plano ainda não é conhecido, mas trata-se de gastos ou oferta de gastos na casa dos US$ 2 trilhões —o equivalente a mais de 40% do gasto anual do governo federal dos EUA, ou cerca de 9% do Produto Interno Bruto da maior economia global.

O programa complementa a renda de americanos mais pobres, desempregados e sem renda. Serão transferidos US$ 1.200 para cada cidadão que recebe menos de US$ 75 mil por ano, o dobro para casais, mais US$ 500 por criança.

O plano eleva ainda o valor do seguro-desemprego em US$ 600 por semana, quase o dobro do salário mínimo nacional, o que provocou ameaça de obstrução por parte de senadores republicanos. O auxílio será concedido inclusive para trabalhadores em empregos precários. Para esses dois programas, haverá mais de US$ 500 bilhões.

Serão ofertados empréstimos para pequenas empresas, por meio de um fundo bancado pelo governo com mais de US$ 350 bilhões. Caso as beneficiadas não demitam pessoal, a dívida será perdoada.

Grandes empresas em dificuldades financeiras contarão com outro fundo, de cerca de US$ 500 bilhões, voltado especialmente para setores de início mais afetados pela crise do novo coronavírus, como o das companhias aéreas.

Haverá dinheiro para serviços de saúde (mais de US$ 100 bilhões), ventiladores respiratórios e outros equipamentos hospitalares, remédios e vigilância sanitária. Estados e cidades terão US$ 150 bilhões.

O programa, portanto, tenta proteger os empregos em pequenas empresas, oferece renda mínima para os mais pobres e a classe média, providencia crédito corporativo, verbas para a saúde e governos regionais.

Parcela significativa dos recursos será concedida a fundo perdido — em princípio, pouco mais da metade.
Ninguém se propõe a estimar se, mesmo gigantesca, tal ajuda será suficiente. Não se pode prever com exatidão a duração da crise e o efeito real da epidemia sobre os negócios e o mercado de trabalho.

No entanto a mera oferta de tamanha rede de auxílios vai de antemão diminuir os impactos humanos e econômicos da paralisia provocada pelas medidas sanitárias.

A redução do consumo será menor, assim como o pessimismo de famílias e investidores. Mais empresas sobreviverão à calamidade. Haverá mais recursos para a frente de batalha principal, na saúde.

Trata-se de alento que, dada a dimensão do PIB americano, tem repercussão mundial. Como outros líderes populistas, Donald Trump relutou em aceitar a necessidade de providências drásticas contra a pandemia, mas ainda que tardiamente rendeu-se à realidade.

​editoriais@grupofolha.com.br

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