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O que a Folha pensa violência

A saúde mental dos PMs

Mais agentes morrem por suicídio do que em confronto; urge apoio psicológico

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Agentes da Polícia Militar durante operação em Guarujá (SP) - Danilo Verpa - 31.jul.23/Folhapress

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram o desmazelo com o trabalho das forças de segurança no Brasil. Em 2023, o número de policiais militares que se mataram (110) foi maior do que o de vitimados em confronto, seja em serviço (46) ou fora dele (61).

Tal discrepância expõe a falta de apoio psicológico nas corporações e o efeito da precária capacitação profissional que, ao estimular a brutalidade em ações policiais, pode gerar impactos severos na saúde mental dos agentes.

A taxa de crimes violentos letais e intencionais contra policiais civis e militares caiu 18,1% em 2023, já a de suicídio nesse estrato que está na ativa subiu 26,2%.

Os dois maiores efetivos da PM do país registraram alta significativa de suicídios: Rio de Janeiro com 116,7% (de 5 para 13) e São Paulo, com 80% (de 19 para 31 casos). Neste último, o número de 2023 é o maior da série histórica, iniciada em 2017. Foram 21 PMs mortos em confronto e 31 que tiraram a própria vida no ano passado, ante 45 e 15 em 2017, respectivamente.

Mesmo considerando que o suicídio é um fenômeno complexo, o trabalho focado em operações com alta letalidade e a cultura que enaltece a figura do policial como herói são fatores que devem ser considerados, segundo especialistas.

O tema não pode ser um tabu nas corporações. A PM de Minas Gerais, por exemplo, não computava até o ano passado o suicídio de policiais. Transparência e a qualidade dos dados são fundamentais para enfrentar o problema.

O programa Escuta Susp (Sistema Único de Segurança Pública), lançado em maio pelo governo federal e voltado ao atendimento psicológico online dos agentes, precisa ser ampliado e articulado com corporações em todo o país.

É importante, ademais, que seja feito um diagnóstico das causas do problema, para que o poder público atue de modo preventivo. Atendimento presencial, grupos de apoio internos e protocolos de cuidado após situações de estresse também são necessários.

Qualquer política de segurança pública, por óbvio, deve incluir a atenção à saúde dos agentes responsáveis por promovê-la.

editoriais@grupofolha.com.br

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