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Competição no 5G

Sinal verde para chineses como fornecedores sugere ambiente de mais concorrência

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O general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência - Evaristo Sá/AFP

Na batalha entre Estados Unidos e China pelo protagonismo no 5G, o próximo degrau da revolução digital no campo da troca de dados, o Brasil sofre, como outros países, as pressões de Washington e Pequim visando favorecer seus lados.

Os americanos têm sido mais agressivos, ante ofertas chinesas de melhor custo-benefício. Afirmam que a Huawei, gigante rival, oferece soluções de rede que embutem mecanismos de espionagem.

Com isso, conseguiram que diversos aliados excluíssem a empresa asiática de fornecimento para operadoras que disputam leilões de frequências do 5G —a tecnologia sustenta a velocidade da chamada internet das coisas, que integrará de geladeiras a sistemas militares.

No Brasil, o alinhamento do governo Jair Bolsonaro à administração Donald Trump sugeria um favorecimento aos EUA. Com efeito, alguns acordos estabelecidos entre os países e a posição anti-China do filho presidencial Eduardo pareciam selar o curso do debate.

Entretanto a crise diplomática criada pelo mesmo Eduardo Bolsonaro, ao endossar acusações à ditadura chinesa pela pandemia do coronavírus, parece ter ajudado a reverter o quadro.

Bolsonaro teve de apaziguar Xi Jinping, o líder chinês, na semana passada. Três dias depois do telefonema, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) decidiu não impor vetos a fornecedores de 5G ao instruir normas para o leilão que deverá acontecer no fim do ano.

A Huawei e americanas como a Qualcomm não participam do certame, mas são fornecedoras de infraestrutura das operadoras.

O GSI poderia impor restrições se considerasse, seguindo a tese dos EUA, que equipamentos chineses representam risco para dados sigilosos e à soberania nacional. Preferiu listar salvaguardas de segurança e também pulverizar a operação, obrigando que operadoras numa mesma região tenham fornecedores distintos.

Tudo isso contribui para um ambiente concorrencial mais saudável, embora a convergência inerente ao setor sugira limites às intenções de governos —como demonstra a tentativa de criar um ecossistema de empresas telefônicas regionais nos anos 1990.

Além disso, nunca é bom subestimar a influência dos Estados Unidos sobre o governo Bolsonaro.

editoriais@grupofolha.com.br

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