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Roberto Luiz Troster

Diagnóstico, estratégia e ação

No Dia do Economista, é hora de propormos políticas claras para o novo cenário

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Roberto Luis Troster

Doutor em economia e consultor, é ex-economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos)

Esta quinta-feira (13), Dia do Economista, é para comemorarmos e refletirmos. A realidade surpreendeu a todos. A pandemia bateu forte. As perdas somam mais de 100 mil mortos, milhões de desempregados e centenas de bilhões de reais de renda corrente e potencial.

A crise aumentou a importância dos economistas para apontar cenários e propor políticas para a superação de problemas. Também mostrou falsos dilemas. Um deles é entre salvar vidas ou a economia.

Economista e consultor Roberto Luis Troster, ex-presidente da Febraban
Economista e consultor Roberto Luis Troster, ex-presidente da Febraban - Divulgação

Todos os países tiveram quedas nas projeções do PIB. No geral, os que tiveram mais fatalidades por milhão de habitantes são os que mais quedas tiveram. Ao compararmos 166 países, o Brasil está em 128º lugar na perda de PIB projetado para 2020 e 2021 e está em 157º em salvar vidas, até agora. Esses números indicam que é possível melhorar as políticas econômica e de saúde.

As estatísticas também mostram que a renda per capita é mais importante do que o gênero, a idade e o peso para explicar a relação de causalidade maior com mortes por Covid-19 no Brasil. Serve também para indicadores de fatalidades por crimes violentos, expectativa de vida menor e de educação pior.

Indicadores de outras nações mostram que os países de renda mais alta têm concentração de renda mais baixa. Políticas sociais, de saúde, de educação e de segurança complementam as políticas fiscais e monetárias para um crescimento consistente. Não se sabe quando a pandemia vai acabar. Mas se sabe que haverá um amanhã, que tem que ser pensado agora.

O primeiro passo é definir bem quais são os problemas que devem ser resolvidos. Sem um diagnóstico correto, a estratégia está condenada a fracassar. A economia brasileira já estava fragilizada antes da pandemia. No ano anterior, a taxa de crescimento do PIB caiu, o investimento diminuiu e o número de empresas e cidadão inadimplentes aumentou.

A pandemia agravou um quadro frágil. Há a necessidade de mudar. Brasília está longe de todos e de tudo. Por um lado, debate taxar grandes fortunas; por outro, é o único país do mundo que tributa dívidas. Resumindo, a política econômica está obsoleta --a realidade mudou mais rapidamente que a percepção do que fazer.

É fato, a economia brasileira está mal. Também é fato que o potencial do país continua sendo uma verdade. Tem capital humano, capacidade empresarial, recursos naturais e uma extensão continental. É paradoxal, mas, para o Brasil, o quadro externo melhorou. Vai pagar menos pelos empréstimos e receber mais pelas exportações. Os juros internacionais caíram, e os preços das commodities subiram.

Internamente, a pandemia trouxe alguns benefícios. Mostrou a capacidade de o Congresso Nacional agir rapidamente. Os juros básicos estão num piso histórico. A questão é como agir no novo cenário. É um quebra-cabeça dinâmico, com interações que se transformam no tempo. Deve-se pensar a economia fora da caixa. Enquanto o mundo trabalha para montar o quebra-cabeça do vírus, cabe aos economistas o desafio de montar o da economia brasileira. 'Bora' trabalhar. E parabéns aos colegas pela data!

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