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Alon Lavi

O caminho para a paz

Acordo histórico entre Israel e Emirados Árabes Unidos abre série de oportunidades

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Alon Lavi

Cônsul-geral de Israel em São Paulo

Na semana passada, todos nós fomos testemunhas da história sendo feita. Vimos, possivelmente, o maior avanço em direção à estabilidade no Oriente Médio dos últimos anos. A aproximação pública e o diálogo estabelecido entre Israel e os Emirados Árabes Unidos, cujo potencial é tremendo, é também sem precedentes. O acordo estabelecendo a normalização das relações entre nossos países, com a intermediação dos Estados Unidos, é, de fato, um marco histórico com ramificações positivas para ambos os países, seus povos, e entre duas das mais avançadas economias do mundo e, claro, da região.

Este acordo abre caminho para relações diplomáticas completas entre os países, com o estabelecimento de embaixadas, voos diretos e diversos outros acordos bilaterais, favorecendo a economia de ambos, seu intercâmbio cultural e também o turismo.

O cônsul-geral de Israel em São Paulo, Alon Lavi
O cônsul-geral de Israel em São Paulo, Alon Lavi - Divulgação

Em 1979, o Egito assinou um acordo de paz com Israel, o primeiro país árabe a fazer essa mudança corajosa em direção à estabilidade e à paz na região. Em 1994, foi a vez da Jordânia, que também mostrou ao mundo que a paz não só é possível, como necessária. Agora, os Emirados Árabes Unidos também mostram ao mundo que a normalização não só continua sendo possível, como também é mutuamente benéfica.

Esta é uma grande oportunidade para unirmos forças com uma das maiores potências do Golfo, estreitarmos o intercâmbio comercial, trabalharmos juntos na busca da vacina para a Covid-19 e no campo da medicina em geral, além de infraestrutura e empreendedorismo. Além disso, a aproximação abre o caminho para trabalharmos juntos e compartilharmos o extenso conhecimento israelense na gerência e na criação de soluções tecnológicas voltadas à água, uma necessidade essencial para todos os países do Golfo. Unindo forças, podemos realizar infinitos feitos para o bem-estar de nossos povos e para a nossa segurança.

Um fator que auxiliou essa aproximação foi a ameaça imposta pelo regime teocrático iraniano. Por décadas, o Irã vem sendo cada vez mais um agente desestabilizador na região, fomentando a violência por meio de grupos terroristas que são não só financiados, mas também instruídos pelo regime. Exemplos disso podem ser vistos em diversos países, como Iraque, Síria, Líbano e Iêmen. Em todos eles, o regime iraniano vem financiando e treinando milícias armadas e grupos terroristas que ameaçam a estabilidade interna desses países e de todos os países do Oriente Médio.

Outros países da região já sinalizaram que também pretendem normalizar suas relações com Israel. No ano passado, o sultão de Omã convidou o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu para ser seu hóspede, em uma visita de proporções históricas, mesmo que os países não tenham relações diplomáticas formais. Recentemente, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Sudão disse que “não há razão para a continuação de hostilidades entre o Sudão e Israel. Nós não negamos a existência de contatos entre nossos países”. O Sudão, país que já teve um papel proeminente na negação das relações entre o mundo árabe e Israel, marca também uma mudança histórica em sua retórica e, certamente, abrirá grandes oportunidades para os nossos países.

Como israelense, eu cresci com o desejo contínuo de termos paz. As preces no judaísmo clamam pela paz no mundo, como na Amidah, oração diária judaica, e isso está enraizado em nossa cultura, na nossa educação e em nossas esperanças. Os recentes acontecimentos renovam esse sentimento, e me dá grande alegria poder estar vivenciando este momento.

O caminho para a paz pode ser trabalhoso, mas é o único possível. Estamos em meio a um momento histórico, com chances de ter ramificações muito positivas para a estabilidade e para a paz em uma região assolada por conflito e instabilidade. Somente juntos poderemos transformar o status quo e sermos agentes em uma transformação tão necessária para as pessoas do Oriente Médio.

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