A tentativa do deputado Celso Russomanno de impulsionar sua candidatura a prefeito de São Paulo identificando-se como aliado do presidente Jair Bolsonaro não parece surtir o efeito esperado. Ao menos é o que se infere da nova pesquisa Datafolha, em que o postulante do Republicanos despenca nas preferências municipais.
Desde a sondagem anterior, publicada em 8 de outubro, véspera do início da propaganda de rádio e TV, Russomanno perdeu 7 pontos percentuais. De 27% das intenções de voto, foi a 20%, enquanto o prefeito Bruno Covas (PSDB) oscilou positivamente de 21% para 23%, dentro da margem erro de 3 pontos para cima ou para baixo.
É significativo que o derretimento de Russomanno se faça acompanhar de substancial aumento de sua rejeição, que saltou de 29% para 38% durante o período.
O candidato, que pela terceira vez se apresenta à corrida paulistana, conta com a imagem, cultivada na TV, de defensor dos consumidores. Quando submetido ao escrutínio da imprensa e do debate público, porém, mostra-se vulnerável.
A Folha, por exemplo, revelou recentemente que o deputado, pouco antes do início da campanha, recorreu a uma servidora de seu gabinete para concluir às pressas acordos trabalhistas com ex-funcionários de uma de suas empresas.
São de sua lavra, ademais, declarações desastradas como a de que moradores de rua, por não tomarem banho, teriam maior resistência a contrair a Covid-19.
Por fim, vai se mostrando um tanto duvidosa a capacidade do presidente de repetir os efeitos multiplicadores de sua candidatura ao Planalto em 2018 —quando até o atual governador paulista, João Doria (PSDB), apressou-se em tentar se beneficiar da maré bolsonarista.
Covas, ora na liderança, tem a seu favor o fato de estar na cadeira de prefeito —mas é alvo constante das demais candidaturas, que exploram suas fragilidades, entre elas a controvertida figura do vice na chapa, Ricardo Nunes (MDB).
O tucano, segundo o levantamento, ganharia hoje sem problemas de Russomanno num eventual segundo turno, com 46% das preferências contra 38%.
No campo da esquerda, dividida entre PSOL e PT, Guilherme Boulos, nome da primeira agremiação, manteve-se em alta, passando de 12% a 14%, enquanto o petista deu enfim algum sinal de vida, atingindo diminutos 4% das intenções.
Boulos tem em seu encalço o ex-governador Márcio França (PSB), que marca 10% e tem considerável tempo de propaganda.
Se algumas tendências vão se delineando a três semanas da votação, a corrida está longe de permitir prognósticos mais sólidos. A disputa segue viva e acirrada.
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