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Contra o investidor

Lista de obstáculos à ampliação da capacidade produtiva se alonga com Bolsonaro

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Jair Bolsonaro (PL), em ato no Dia do Trabalho - Antonio Molina/Folhapress

Investir é difícil, no setor público e nas empresas. Rentabilidade adequada, estabilidade econômica, confiança nas instituições e qualidade regulatória são alguns dos requisitos para que se possa mobilizar capital de longo prazo.

A agenda ambiental também aparece de maneira crescente como critério de decisão. A alta continuada do desmatamento na Amazônia já é tida como obstáculo insuperável para parcela considerável de investidores estrangeiros.

Problemas em todas essas frentes impedem no Brasil o avanço dos gastos destinados a ampliar a capacidade produtiva pública e privada, cruciais para romper o quadro de baixo crescimento econômico que já dura quatro décadas.

Como noticiou a Folha, dados do Cemec-Fipe mostram que a taxa média anual de investimentos entre 2018 e 2021 ficou na casa de 16% do Produto Interno Bruto, quando o ideal seria investir mais de 20%.

Mesmo o nível observado em 2021 —19,2% do PIB, acima da média de 18,1% nos últimos 25 anos— significa menos quando se excluem efeitos espúrios da contabilização de plataformas da Petrobras.

Pior, desde 2015 os novos aportes públicos e privados mal cobriram a depreciação, o que significa que o estoque de capital foi reduzido. Segundo o Ipea, no ano passado até houve crescimento de 1% nessa medida, o que ainda não passa de uma fração do necessário.

No que diz respeito ao investimento público, tem havido acentuado declínio da capacidade governamental. Estimativas do Tesouro Nacional mostram que, em 2021, nos três níveis de governo e estatais, o desembolso ficou em 2,05% do PIB, o segundo menor percentual da série iniciada em 1947.

Note-se que à falta de reformas para conter gastos perdulários e modernizar a administração de modo a abrir espaço no Orçamento, no governo de Jair Bolsonaro (PL) foi em muito piorada a gestão de verbas por parte do Congresso.

As chamadas emendas parlamentares, no mais das vezes sem nenhum critério de eficiência ou planejamento, destinam parcelas cada vez maiores dos parcos recursos federais disponíveis ao clientelismo do varejo político.

No caso do setor privado, os obstáculos de sempre permanecem. Apesar de mudanças legais positivas, da estruturação de bons projetos e de numerosas concessões nos últimos anos, além das boas perspectivas para o saneamento, houve pouco impacto palpável em áreas complexas como ferrovias, mercado de gás e cabotagem.

A agravar o quadro, temos um presidente que afronta normas, limites orçamentários e instituições em nome de suas ambições eleitorais e políticas, que não excluem ensaios golpistas.

editoriais@grupofolha.com.br

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