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Jogo truncado

Impasse para a criação de liga expõe atraso organizacional do futebol brasileiro

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Há décadas o futebol brasileiro debate-se com graves problemas de gestão. Em contraste com sua capacidade de revelar talentos e seu histórico vitorioso em Copas do Mundo e disputas internacionais de diversas categorias, o Brasil no quesito organizacional é um fiasco.

Clubes endividados, jogadores transferidos para a Europa antes mesmo de se estabelecerem nos torneios locais, sobreposição irracional de competições, corrupção e amadorismo persistente atestam a inoperância de parte significativa de dirigentes e entidades.

É verdade que, aos trancos e barrancos, alguns passos importantes têm sido dados, como o Brasileiro no sistema de pontos corridos e o investimento de clubes —nem sempre de forma responsável, diga-se— em centros de treinamento e arenas modernas.

Mais recentemente, em agosto do ano passado, nova lei criou um meio de transformar clubes em empresas, a Sociedade Anônima do Futebol (SAF), e vai se desenhando a possibilidade da fundação de uma liga de clubes, que assumiria a administração e a comercialização de torneios, nos moldes do que se observa na Europa.

A criação da liga, contudo, esbarra em desavenças sobre a distribuição dos recursos, que já provocaram uma acirrada divisão entre as principais agremiações das séries A e B do campeonato nacional.

Embora exista a expectativa de que o entendimento e o bom senso venham a prevalecer, não se pode descartar um fracasso, em se tratando de um meio que tem dado provas continuadas de incapacidade de se profissionalizar.

Os diagnósticos sobre as deficiências já foram produzidos e o mapa do que precisa ser feito é sobejamente conhecido. As providências elementares são a elaboração de um calendário racional, que respeite a integridade física dos atletas e as chamadas datas Fifa, reservadas às disputas entre seleções.

É fundamental também adotar critérios equilibrados de distribuição de receitas de modo a contemplar os clubes de maior apelo, mas sem deixar ao abandono os demais.

Caso queiram superar o renitente subdesenvolvimento num terreno em que há plenas condições para prosperar, os dirigentes do futebol brasileiro precisam pensar a atividade como um todo, tornando-a sustentável e lucrativa.

Lamentavelmente, muitos insistem em disputas paroquiais e míopes, que apenas atrasam a desejável mudança de patamar.

editoriais@grupofolha.com.br

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